Já que o texto não é bom, ao menos a foto é bonita |
Um exemplo: estou desempregada, como milhões de pessoas neste país que deveria ser cheio de oportunidades. Tenho amigos bem-intencionados que me mandam montes de links de empresas que estão em processos de seleção, e agradeço, porque não é possível olhar tudo quando estamos desesperadamente buscando uma colocação. Mas às vezes me pergunto se meus amigos não estão pensando que estou fazendo corpo mole, ou que não estou buscando o bastante por uma nova colocação?
Parece bobagem, não é? Mas, acredite, quando estamos fragilizados, a oficina dos entendimentos se abre e voa. Por exemplo, um colega do trabalho que acabou de me demitir chamou de volta a colega que foi demitida comigo. E ainda mandou uma mensagem de voz onde dizia que ela era muito talentosa e tinha um futuro brilhante.
Independente de eu saber disso perfeitamente (porque essa menina é realmente brilhante), me pergunto o que está por trás dessas palavras...
Eu não tenho nenhum futuro? Não tenho nenhum talento? Serei uma medíocre entre os piores? Mesmo que não seja, é assim que me sinto. É dessa maneira que estou me vendo estes tempos: como um grande fracasso. Alguém que não consegue manter um emprego, que não consegue ser contratada nem para fazer telemarketing (que, aliás, é das profissões mais difíceis do mundo).
Entenderam agora o que falei sobre autopiedade? Então... é isso. Quando isso acontece, me levanto, saio de casa, mesmo que a única coisa que eu queira seja me esconder de tudo e todos, o que não está muito difícil, já que se eu quiser ver amigos ou família, seja sempre eu quem tenha de me mover, mas saio e vou conversar com algumas pessoas.
Ando pelas ruas e vejo resiliência de sobra, coisa que não tenho tido muito, mas as pessoas que me passam essa força ensinam a continuar, mesmo que eu não tenha mais forças. Não me consola saber que há gente que está muito pior que eu, porque isso é mais uma prova de mundo injusto, mas essas pessoas engolem o choro e continuam. Afinal, amanhã é outro dia.
Às vezes precisamos olhar com muita atenção para o nosso umbigo! Acho que é preciso ter a completa consciência do que nos fragiliza, machuca, prejudica, faz sofrer... numa espécie de mergulho. O corpo inteiro submerso nessa descoberta ou redescoberta. Esticar o pescoço e conseguir tirar a cabeça para respirar. Mudamos a perspectiva. Pode ser mais fácil enxergar a situação, poder até falar do outro, resolver mudar de atitude, ver o problema com menos dor... Isso, acredito, não é autopiedade...
ResponderExcluirEu tenho certeza que você Rita, é muito talentosa. Talvez as pessoas tenham medo desse seu talento.
ResponderExcluirRita
ResponderExcluirQuando pensamos muito no que o Outro está pensando enquanto falamos...
Perdemos não estar falando o que o Outro quer ouvir
Perdemos a naturalidade...
E o Resto você já sabe...
Ninguém deveria passar por isso.
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