segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Procurar emprego é tarefa de titã


Com mais de 15 milhões de desempregados no nosso país, já passou da hora de eu dar uma perspectiva sobre a busca por uma recolocação.

O mercado de trabalho não é para amadores, e está cada dia mais difícil encontrar uma vaga compatível com nosso perfil.

Aí você encontra uma vaga que é, pelo menos, 99% aderente às suas capacidades e habilidades. 

Manda um currículo que passa (ou deveria passar ) por uma avaliação, mas não sei o que acontece.

Primeiro a gente fica recebendo ofertas de vagas que não são nem mesmo a busca real. No meu caso, redatora. Aí você recebe: “menor aprendiz”, “operador de empilhadeira”...

Minha pergunta: se é uma pessoa, o que ela está avaliando? Se for um robô, quem programou?

Aí vem a faixa salarial, que está próxima à servidão.

Sério. Tem vagas que me oferecem que estão abaixo do mínimo nacional. E olha que eu nem estou cobrando por anos de estudo e aperfeiçoamento.

Não é o bastante?

Os grupos de vagas e sites de busca de emprego estão lotados de anúncios pedindo PJ (pessoa jurídica), no qual você trabalha como se fosse funcionário, mas sem nenhum direito de funcionário.

Nada de recolherem seus impostos; nada de INSS e FGTS; nada de Seguro Desemprego: 13º ou férias.

Você arca com todas as despesas e deveres, mas é tratado como funcionário muito mal remunerado. Isso quando lhe pagam.

Sim, porque temos também que pensar no SE eles irão pagar.

Nesse período difícil, vocês não têm ideia de quantos espertalhões aparecem.

Gente que oferece uma vaga, mas só quer pegar seus perfis;

Empresa que oferece emprego, mas a primeira pergunta que faz é o número do seu CPF. Alguém me explica essa porque eu não sei se estou buscando emprego ou pedindo empréstimo.

Testes absurdos que exigem o seu máximo, no meu caso, português correto, mas que escrevem errado até mesmo as perguntas.

Aí vem as respostas, que vão desde “você não se encaixa no perfil”, até o “buscamos algo mais”.

O problema é que ninguém responde qual é esse algo mais.


Não ouse dizer que o pagamento oferecido pelos seus serviços é absurdo de tão baixo.

É provável que você seja tratado como lixo, com pessoas dizendo que você tem que “provar o seu valor”. Tenho mais de 30 anos na minha profissão. Provar o que?

Senti-me como aquelas namoradas de outros tempos, que tinham que “provar a virgindade”

Você também terá respostas educadas como esta: “Gostamos muito de seu perfil, sua experiência foi classificada como muito próxima do perfil que buscamos, mas neste momento não conseguimos evoluir com uma proposta para você”.

Sim. Prefiro a resposta acima. Pelo menos a pessoa (ou o robô) foi gentil, mas isso não me consola.

Preciso ouvir um sim.

Do mesmo modo que eu, mais de 15 milhões de pessoas neste Brasil louco precisam de um sim.

Pessoas que não querem ser julgadas pela falta ou excesso de experiência, idade, sexo, cor da pele.

Que não querem pagar para trabalhar.

 Que merecem respeito!

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