Sempre precisaremos de referências
Estava no trabalho um dia desses e li uma notícia sobre a
prisão de Michel Platini por corrupção. Me surpreendi com a notícia, pois
sempre tomei a pessoa em questão como alguém que estava acima dessas coisas,
mas a surpresa seguinte foi uma pergunta, que partiu de dois colegas de
trabalho: quem?
Fiquei bege, pois as pessoas que me perguntaram são da mesma
área que eu, a comunicação, e estão ligadas a informação. E entre estupefações,
fiquei o fim de semana inteiro questionando a formação das pessoas, a falta de
referências mais básicas.
Quem estiver achando que estou de mimimi, explico. Minha
profissão é de jornalista, e sim, eu me formei em uma faculdade que me deu
mecanismos para entender a prática e a ética da minha profissão. Quando
estudava, tive sempre a certeza de que estaria escrevendo algumas páginas que
seriam estudadas no futuro como História, assim como outros de minha profissão escreveram
no passado.
Sempre tive consciência de que precisava de referências e
aprendi o máximo que podia. Lia sempre o que me caía às mãos. Você não pode
achar que está reinventando a roda. Desde quando saí da faculdade e comecei a
trabalhar com comunicação, quase tudo mudou. Técnicas de impressão, meios de
comunicação. Inventaram a rede Mundial! Redes sociais etc. Mas esse imediatismo
e a aceleração deixaram de lado coisas importantes, como ética, notícia de verdade
e conhecimento.
Como alguém que já passou de certa marca etária, me importo
um pouco com essa certeza que vejo nos olhos de muitos, mais jovens que eu e
alguns nem tanto (!), de que o mundo começou quando eles nasceram e acaba tão
logo eles se vão.
Desculpe desapontar, mas isso não é verdade! Milhares de
pessoas mais talentosas e inteligentes que vocês vieram antes e muitas mais
virão depois. Pessoas que criaram mundos do zero. Que criaram músicas de verdade,
com harmonias e acorde imortais.
Talvez eu esteja totalmente errada e tenhamos mesmo que
viver o agora, mas isso só faria de nós uns tolos que não aprendem com os
acertos e erros, nem os nossos, nem os dos outros. Seremos uns Hitleres repetindo
os erros dos Napolões diante de uma gigante e congelante Rússia.
Aliás, é o que fazemos quando perdemos totalmente a noção de
que precisamos de referências. Estamos tão arrogantes que achamos saber tudo,
mas não sabemos. Não nos informamos mais. Sabemos mais das fofocas
sensacionalistas do que sobre coisas que realmente nos fariam evoluir.
Querem algo sensacionalista? Veja o número de pessoas que
foram jogadas na miséria nos últimos três anos. Ou o desmatamento acelerado da Amazônia
que vai afetar nossas vidas. Ou os números do desemprego. Ah tá... se não
envolver uma celebridade instantânea não é sensacional...
Alguns dirão que eu apanho bastante no quesito de
tecnologias, e apanho, mas eu aprendo e sei que preciso aprender. Sei que as
pessoas estão aceleradas, mas não tenho a certeza de que essas pessoas sabem
aonde estão indo, ou se aquilo que elas acham “tão importante” é mesmo o que
importa na vida. Espero que elas também parem, respirem e aprendam.
Voltando ao motivo que me fez escrever tudo isso, eu nem sou
grande fã de futebol, mas pelo amor de Deus! Eu sei quem foi Michel Platini!
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