Esta semana morreu um ídolo meu. Morte natural do alto dos
seus 88 anos bem vividos. Joaquim Alvarado, vulgo Quino, nos deixou um legado
de desenhos, tirinhas, quadrinhos, seja lá que nome deem a isso. Alguns vão
dizer, mas você não fez homenagem a outros como Stan Lee. Não importa, sinto
mais a morte do Quino, mesmo que ele não desenhasse mais a turma da Mafalda,
minha pequena heroína.
Resolvi homenagear o Quino porque a morte dele deixou o
mundo com menos uma pessoa realmente do bem. Uma pessoa questionadora de
verdade, que ensinou a mim que qualquer coisa gerada por puro preconceito não é
válida, porque não é racional. Sabe essas coisas que as pessoas chamam de
homofobia, racismo, feminicídio, machismo e por aí vai? Alguns acham que o ato
de não expressarem isso já está bom, porque isso tudo é fruto de uma coisa
chamada de “politicamente correto”. O Quino me ensinou ao longo dos anos a
diferença entre “parecer correto” e “ser correto”.
Sim, todos nós temos o direito de não gostar de algo, eu, particularmente,
odeio quiabo. Mas não odeio pessoas. E não adoro também. Em uma discussão
acalorada esta semana eu disse odiar alguém por ser um burro. Na verdade, a
discussão era tão sem sentido que soltei essa pérola da qual me arrependo.
Porque não é esse o motivo de eu não gostar de alguém. Meu motivo é ver essa
pessoa fazer tanta coisa errada, tanto mal a tantas pessoas, e passar isso
impune. Porque ele está impune? Porque ele tem as costas mais quentes que
outros?
Não. É porque somos um povo cheio de preconceitos e ficamos
disfarçando isso com a aparência de “parecer corretos”. Aí nós aceitamos tudo
de ruim que alguns fazem só porque a aparência deles nos agrada mais, ou porque
eles parecem mais “empoderados”, e não nos damos conta que estamos nos
colocando na posição de sermos pisados. Talvez não imediatamente, mas seremos
pisados, com certeza. Não vemos isso porque ainda não está na nossa vez e não
olhamos que outros já estão sendo massacrados.
Essa é mais uma coisa que o Quino e seus quadrinhos me
ensinaram, a olhar para o outro e me ver nele. Porque o outro sou eu mesma.
Porque eu sei que o que está acontecendo, mesmo que do outro lado do planeta,
pode acontecer aqui. Em todas as partes deste globo tem guerras acontecendo,
pessoas sofrendo, preconceitos sendo vomitados. E a gente recebendo toda essa
carga.
Pois é Quino, como você disse bem com suas personagens e nas
suas tirinhas: precisamos ser melhores e evoluir de verdade. O mundo doente que
você retratou nos anos 1960 ainda está doente e piorando, porque as pessoas
preferem se blindar em seus preconceitos a ver que a raiz do mal pode estar
nelas mesmas.
Com essa homenagem a um desenhista de quadrinhos, eu quero
dizer que esta semana morreu um herói de verdade. Alguém que usou de sua arte
para tornar o mundo um lugar melhor. Obrigada Quino. A dor vai passar.
Olá minha amiga Rita.
ResponderExcluirA vida é um emaranhado de buscas, encontros e perdas.
Viver é isso...
Eu assino embaixo!
ResponderExcluirMerecida, justa e bela homenagem.