Por conta de tanto afastamento social, ando com saudades até de coisas que eu nem gostava tanto. Mas não falarei delas aqui, e sim das saudades verdadeiras que tenho de alguns lugares, não porque sejam lugares, mas porque vivi momentos incríveis ali, com pessoas incríveis da minha vida.
Tudo neste post vai cheirar a saudades, como o cheiro de
livros antigos do sebo do Messias e de tantos outros que existem no centro de
São Paulo, que me lembram a felicidade de comprar um livro sem me importar se
aquilo era uma raridade, mas apenas pelo desejo de ler... e de compartilhar com
amigas como a Maga, a Lene, a Marcia...
Saudades de comer uma pizza no Speranza, não porque ainda
seja a melhor Marguerita que já comi, nem porque tenha aquele pão de calabresa
e aquela italianice incrível que só o Bixiga proporciona, mas porque foi um
ponto de encontro para a minha turma de faculdade, e os garçons nunca
acreditavam quando a gente dizia: “tem mais gente chegando”.
Saudades de ir na galeria do Rock para comprar LPs, CDs,
camisetas que seriam rasgadas nos shows das bandas favoritas. Shows que íamos
como quem vai a uma peregrinação, sabendo que estaríamos acabados no final, mas
felizes e de alma lavada.
Uma vontade incrível de percorrer a Paulista, após ver um
filme no Belas Artes ou depois de ficar horas na fila daquela exposição incrível
do MASP. Saudades de comer um pedaço de torta de limão ou entrar de banca em
banca de jornal para comprar revistas que nem existem mais.
Fico pensando nessa pandemia e no que vai sobrar depois de
tudo. Revistas, shows, teatro, exposições, pizzas e barraquinhas de comidas,
dessas que só São Paulo tem. Por mais que o mundo virtual nos alimente com essas
coisas, o mais importante não está ali, que são as pessoas com quem partilhar
esses momentos. As pessoas com quem podemos conversar e que vão entender o que
falamos.
Fico pensando nos grupos de história que frequento, que
ficam postando lindas fotos de arquiteturas incríveis da minha cidade natal e,
quando vejo algumas dessas fotos antigas com as pessoas, eu penso: ‘quem são
elas? Que momento é esse que viveram?” Eu mesma não tirei muitas fotos. Porque
assim como as arquiteturas elas só passam as impressões e não os sentimentos. E
as fotos ou os lugares não vão matar as minhas saudades, que não são das
coisas, mas das pessoas
Me desculpem os que acreditam no virtual, ele não nos dá aquela
sensação de completude que só nossos amados, familiares e amigos, podem
oferecer. Saudades de abraçar muito, de rir e chorar junto; de cantar aquela
canção do U2; ou de só caminhar em silêncio, sentindo os cheiros de vida que a
cidade nos dá. Será que isso vai sobrar quando tudo o mais passar?
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