Hoje é o dia das crianças aqui no Brasil, um dia criado por uma empresa de brinquedos para vender naqueles períodos de baixa antes do Natal, que antigamente era a data de lançamento de novos produtos. Mas hoje em dia isso não faz mais sentido...
Vou explicar, antigamente nossos pais nos davam brinquedos e
presentes apenas no aniversário e Natal. Por mais que a gente enchesse o saco
enquanto eles nos levavam para comprar as coisas que realmente eram
necessárias, como roupas, sapatos, comida, as respostas, quando eles não
estavam cansados das nossas chateações era: “na volta a gente vê se dá para
comprar”. Minha mãe era uma santa de paciência, mas sempre foi verdadeira com
tudo, inclusive com a frase: “não temos dinheiro para desperdiçar”. Era
verdadeiro isso e ainda é hoje em dia. Ninguém, a não ser os muito ricos, tem
dinheiro para desperdiçar...
Hoje parece que tudo se resumiu a uma satisfação automática
ou o mundo vai acabar, e não me refiro só a crianças, mas aos adultos que se
tornaram piores que crianças. Os “brinquedos” mudam, o “desperdiçar” não. E
acreditem, desperdiçamos demais!!! Porque eu vou pagar por um computador que
custa 10 vezes mais só porque isso é bacaninha? O que eu quero provar? Que eu
posso?? Pode crer! Mas até quando eu poderei???
Fazemos e compramos coisas que são desnecessárias só para
agradar nossos egos cheios de bobagens. Egos que querem mostrar aos
“coleguinhas” que nossos cadernos e canetinhas são mais bacanas que os deles.
Mas, espera! Isso não é coisa de criança? Não deveríamos ser mais maduros?
Estamos tentando provar o que então? Que não somos uns medíocres? Péssimo
trabalho! Ainda compramos coisas que não precisamos, brincamos um pouco até
enjoar e largamos de lado com a certeza de que não precisávamos daquilo. E nos
frustramos mais...
Porque será? Talvez porque ainda buscamos a recompensa
imediata. Tudo bem, eu também estou cansada de batalhar por uma recompensa que
não vem nunca, mas comprar uma coisa não vai me satisfazer, porque é só uma
coisa! São as trocas que fazemos na nossa frustração. Trocamos por recompensas
comestíveis, por sapatos em profusão; bolsas; perfumes; roupas... E apontamos
os dedos para os outros dizendo: “pra que isso tudo?” como se não fizéssemos o
mesmo.
Nós nos tornamos mesmo adultos? Não... ainda somos crianças
querendo que a mamãe diga sim quando queremos algo. E arrastamos outras pessoas
nessa criancice. Sei que devemos manter nossas mentes jovens, e devemos
(deveríamos) ser crianças diante de muitas coisas. Crianças não têm
preconceitos. Os medos delas são aqueles que os adultos impõem e repassam.
Porém, parece (??), que apenas mantemos os quereres, e não as coisas boas da
infância.
Veja bem... Eu ainda tenho muitos quereres, mas parece que a
voz da minha mãe dizendo a verdade, o “não podemos” está cada dia mais alta.
Então eu vou preferir o não ter, sabendo que isso não significa que eu sou
menos do que o coleguinha porque meu estojo de lápis não é tão moderno quanto o
dele.
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