segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Dia das crianças


Hoje é o dia das crianças aqui no Brasil, um dia criado por uma empresa de brinquedos para vender naqueles períodos de baixa antes do Natal, que antigamente era a data de lançamento de novos produtos. Mas hoje em dia isso não faz mais sentido...

Vou explicar, antigamente nossos pais nos davam brinquedos e presentes apenas no aniversário e Natal. Por mais que a gente enchesse o saco enquanto eles nos levavam para comprar as coisas que realmente eram necessárias, como roupas, sapatos, comida, as respostas, quando eles não estavam cansados das nossas chateações era: “na volta a gente vê se dá para comprar”. Minha mãe era uma santa de paciência, mas sempre foi verdadeira com tudo, inclusive com a frase: “não temos dinheiro para desperdiçar”. Era verdadeiro isso e ainda é hoje em dia. Ninguém, a não ser os muito ricos, tem dinheiro para desperdiçar...

Hoje parece que tudo se resumiu a uma satisfação automática ou o mundo vai acabar, e não me refiro só a crianças, mas aos adultos que se tornaram piores que crianças. Os “brinquedos” mudam, o “desperdiçar” não. E acreditem, desperdiçamos demais!!! Porque eu vou pagar por um computador que custa 10 vezes mais só porque isso é bacaninha? O que eu quero provar? Que eu posso?? Pode crer! Mas até quando eu poderei???

Fazemos e compramos coisas que são desnecessárias só para agradar nossos egos cheios de bobagens. Egos que querem mostrar aos “coleguinhas” que nossos cadernos e canetinhas são mais bacanas que os deles. Mas, espera! Isso não é coisa de criança? Não deveríamos ser mais maduros? Estamos tentando provar o que então? Que não somos uns medíocres? Péssimo trabalho! Ainda compramos coisas que não precisamos, brincamos um pouco até enjoar e largamos de lado com a certeza de que não precisávamos daquilo. E nos frustramos mais...

Porque será? Talvez porque ainda buscamos a recompensa imediata. Tudo bem, eu também estou cansada de batalhar por uma recompensa que não vem nunca, mas comprar uma coisa não vai me satisfazer, porque é só uma coisa! São as trocas que fazemos na nossa frustração. Trocamos por recompensas comestíveis, por sapatos em profusão; bolsas; perfumes; roupas... E apontamos os dedos para os outros dizendo: “pra que isso tudo?” como se não fizéssemos o mesmo.

Nós nos tornamos mesmo adultos? Não... ainda somos crianças querendo que a mamãe diga sim quando queremos algo. E arrastamos outras pessoas nessa criancice. Sei que devemos manter nossas mentes jovens, e devemos (deveríamos) ser crianças diante de muitas coisas. Crianças não têm preconceitos. Os medos delas são aqueles que os adultos impõem e repassam. Porém, parece (??), que apenas mantemos os quereres, e não as coisas boas da infância.

Veja bem... Eu ainda tenho muitos quereres, mas parece que a voz da minha mãe dizendo a verdade, o “não podemos” está cada dia mais alta. Então eu vou preferir o não ter, sabendo que isso não significa que eu sou menos do que o coleguinha porque meu estojo de lápis não é tão moderno quanto o dele.

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