quarta-feira, 14 de julho de 2021

Hoje eu quero ser fútil


É domingo, não estou com vontade de nada a não ser reclamar. Reclamar de pagar caro por comida, por serviços, por impostos e taxas que não nos retornam nem um níquel do que realmente pagamos. Um exemplo? Você já olhou bem sua conta de água? Já viu o quanto você consome e quanto você paga?? Pois olhe. Muitas vezes a pessoa perceberá que ela comprou um copo de água, mas pagou por 10.

Aí vêm as teorias: é para pagar a água de quem não paga (e porque eu tenho que pagar?); é porque a lei diz que tem que pagar a “mínima” (Eu sei ver lei, mas a lei está certa ou é justa?); é para prover os outros serviços (água limpa e esgoto seguro): e agora vou colocar duas questões:

1-      porque minha região está cheia de buracos de “consertos realizados” empresa de saneamento (no meu caso a Sabesp), sem terminar ou acabados igual à meleca que sai do nariz de quem fez?

2-      Porque temos que conviver com uma lagoa de esgoto gerada pelo arranha-céu ao lado e que nos impede de circular livremente pela rua?

E nem vou me estender falando sobre os muitos dias que ficamos sem fornecimento de água e das cobranças da empresa fornecedora do tipo: mas você não tem caixas d’água suficientes?

Falando em energia elétrica, nossa provedora, a ENEL, além de aumentar a tarifa a 3 por 2, não suporto mais a intermitência no fornecimento; a falta de energia por horas a fio (só do meu lado da rua); e as justificativas de problemas na geração, na fiação, no fornecimento, em tudo. Estamos novamente sob a perspectiva de um apagão porque não dá para gerar energia se não tem água na cachoeira e assim, novas maneiras de geração e distribuição ficam engavetadas e continuamos a correr na roda dos ratinhos de laboratório, sem chegar à parte alguma.

Esta semana aconteceu de o governo mineiro falar sobre aumento no PIB do estado por conta do pagamento do desastre de Brumadinho. Detalhe: as pessoas afetadas ainda não receberam, apenas o estado. Então as minhas queixas de serviços mal prestados parecem fúteis, mas são apenas um exemplo das muitas coisas neste país pelas quais pagamos e não vemos serem feitas.

Falando em serviços de telefonia, vejo as poucas empresas que dominam o mercado (deveria ter umas 20 e agora são 4 ou 5) cada vez mais agressivas em suas propagandas de “eu sou a melhor”, a cada vez mais vejo que não chegam a fornecer nem 10% do prometido. Minha internet cai todo santo dia. Meu serviço de telefonia está sempre dando problema, e não há para onde correr.

Há pouco mais de um ano entrei com uma ação porque meus dados foram vazados pela empresa de telefonia. De acordo com o juiz, a culpa pode ter sido minha, mesmo que eu não forneça dados pessoais como número de documentos etc. Mais alguém aí se sente injustiçado? Porque eu me sinto assim.

Me sinto assim quando pago por uma água que não usei; por uma energia que não usei; por uma telefonia tosca que não usei. Pagamos caro por serviços toscos e ainda somos sobretaxados por eles. Estou usando uma imagem que prega o consumo consciente, mas me ofende que a outra parte não seja a de uma fornecedora consciente.

Nem vou falar do dinheiro dos impostos, que deveriam ser usados em benefícios, como escolas, segurança, saúde, mas parece que só servem para comprar deputados e para que os políticos em geral tratem essas verbas como se fosse dinheiro do próprio bolso, que eles “generosamente” distribuem para “ajudar” em uma tragédia ou no conserto de um equipamento, cuja manutenção (não realizada), é obrigatória.


Há uma parte de uma peça teatral (acho que é Arena Canta Zumbi), na qual simula-se que o demônio encontra um trabalhador e o faz passar por tentações assim como Jesus no deserto. Ele oferece lazer, dinheiro, o mundo! O trabalhador, a certa altura responde: “mentira! Não podes dar-me o que é meu”.

Estamos precisando reaprender essa lição para começar. Toda vez que alguém, políticos especialmente, vierem com o papo que estão trazendo uma “emenda” para fazer isso ou aquilo, pergunte a ele: de onde veio esse dinheiro? Porque é seu. O governo não faz dinheiro, ele gasta o NOSSO dinheiro, e na maior parte das vezes com algo totalmente desnecessário.

Vejam bem, estou aqui falando de alguns direitos básicos, e ainda assim me sinto fútil. Por quê? Por ver que mesmo com todos os protestos estamos sendo mortos como moscas. Mesmo tendo direitos, se brigamos por eles somos ofendidos, chamados de vagabundos. Mas só queremos o nosso direito à vida.

Não há vida sem preocupação, eu sei, mas será que dá para não colocar obstáculos sem necessidade?

E mais, se as empresas prestadoras de serviços pagam multas pelo que fazem de errado, porque não somos nós, os usuários que pagam esses serviços a receber? Não é a agência de águas, de energia, de telefonia que foram afetadas, fomos nós.

E ainda estou me sentindo fútil...

 

 

 

 

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