É domingo, não estou com vontade de nada a não ser reclamar. Reclamar de pagar caro por comida, por serviços, por impostos e taxas que não nos retornam nem um níquel do que realmente pagamos. Um exemplo? Você já olhou bem sua conta de água? Já viu o quanto você consome e quanto você paga?? Pois olhe. Muitas vezes a pessoa perceberá que ela comprou um copo de água, mas pagou por 10.
Aí vêm as teorias: é para pagar a água de quem não paga (e
porque eu tenho que pagar?); é porque a lei diz que tem que pagar a “mínima”
(Eu sei ver lei, mas a lei está certa ou é justa?); é para prover os outros
serviços (água limpa e esgoto seguro): e agora vou colocar duas questões:
1-
porque minha região está cheia de buracos de
“consertos realizados” empresa de saneamento (no meu caso a Sabesp), sem
terminar ou acabados igual à meleca que sai do nariz de quem fez?
2-
Porque temos que conviver com uma lagoa de
esgoto gerada pelo arranha-céu ao lado e que nos impede de circular livremente
pela rua?
E nem vou me estender falando sobre os muitos dias que
ficamos sem fornecimento de água e das cobranças da empresa fornecedora do
tipo: mas você não tem caixas d’água suficientes?
Falando em energia elétrica, nossa provedora, a ENEL, além
de aumentar a tarifa a 3 por 2, não suporto mais a intermitência no fornecimento;
a falta de energia por horas a fio (só do meu lado da rua); e as justificativas
de problemas na geração, na fiação, no fornecimento, em tudo. Estamos novamente
sob a perspectiva de um apagão porque não dá para gerar energia se não tem água
na cachoeira e assim, novas maneiras de geração e distribuição ficam
engavetadas e continuamos a correr na roda dos ratinhos de laboratório, sem
chegar à parte alguma.
Esta semana aconteceu de o governo mineiro falar sobre
aumento no PIB do estado por conta do pagamento do desastre de Brumadinho.
Detalhe: as pessoas afetadas ainda não receberam, apenas o estado. Então as
minhas queixas de serviços mal prestados parecem fúteis, mas são apenas um
exemplo das muitas coisas neste país pelas quais pagamos e não vemos serem
feitas.
Falando em serviços de telefonia, vejo as poucas empresas
que dominam o mercado (deveria ter umas 20 e agora são 4 ou 5) cada vez mais
agressivas em suas propagandas de “eu sou a melhor”, a cada vez mais vejo que
não chegam a fornecer nem 10% do prometido. Minha internet cai todo santo dia.
Meu serviço de telefonia está sempre dando problema, e não há para onde correr.
Há pouco mais de um ano entrei com uma ação porque meus
dados foram vazados pela empresa de telefonia. De acordo com o juiz, a culpa
pode ter sido minha, mesmo que eu não forneça dados pessoais como número de
documentos etc. Mais alguém aí se sente injustiçado? Porque eu me sinto assim.
Me sinto assim quando pago por uma água que não usei; por
uma energia que não usei; por uma telefonia tosca que não usei. Pagamos caro
por serviços toscos e ainda somos sobretaxados por eles. Estou usando uma
imagem que prega o consumo consciente, mas me ofende que a outra parte não seja
a de uma fornecedora consciente.
Nem vou falar do dinheiro dos impostos, que deveriam ser usados em benefícios, como escolas, segurança, saúde, mas parece que só servem para comprar deputados e para que os políticos em geral tratem essas verbas como se fosse dinheiro do próprio bolso, que eles “generosamente” distribuem para “ajudar” em uma tragédia ou no conserto de um equipamento, cuja manutenção (não realizada), é obrigatória.
Há uma parte de uma peça teatral (acho que é Arena
Canta Zumbi), na qual simula-se que o demônio encontra um trabalhador e o faz
passar por tentações assim como Jesus no deserto. Ele oferece lazer, dinheiro,
o mundo! O trabalhador, a certa altura responde: “mentira! Não podes dar-me o
que é meu”.
Estamos precisando reaprender essa lição para começar. Toda
vez que alguém, políticos especialmente, vierem com o papo que estão trazendo
uma “emenda” para fazer isso ou aquilo, pergunte a ele: de onde veio esse
dinheiro? Porque é seu. O governo não faz dinheiro, ele gasta o NOSSO dinheiro,
e na maior parte das vezes com algo totalmente desnecessário.
Vejam bem, estou aqui falando de alguns direitos básicos, e ainda
assim me sinto fútil. Por quê? Por ver que mesmo com todos os protestos estamos
sendo mortos como moscas. Mesmo tendo direitos, se brigamos por eles somos ofendidos,
chamados de vagabundos. Mas só queremos o nosso direito à vida.
Não há vida sem preocupação, eu sei, mas será que dá para
não colocar obstáculos sem necessidade?
E mais, se as empresas prestadoras de serviços pagam multas
pelo que fazem de errado, porque não somos nós, os usuários que pagam esses
serviços a receber? Não é a agência de águas, de energia, de telefonia que
foram afetadas, fomos nós.
E ainda estou me sentindo fútil...
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