Esse artigo será uma colcha de tudo o que eu quero falar,
mas que vou apenas pincelar. Para começar, quero explicar a frase acima dizendo
que nasci em um tempo em que se falava num futuro melhor para nossos filhos. O
tempo passou e não temos nada disso.
Lembrei de um professor, muito saudoso, que dizia: “quero um
mundo melhor para mim. Meus filhos terão um melhor ainda por consequência”. A
questão é que o tempo passou, e nada aconteceu. Não estamos melhores. Ainda há
miséria, que é a mesma em qualquer canto, como diriam os Titãs.
A tecnologia avançou em muitos pontos. Os dados navegam à
velocidade da luz, mas o conhecimento não chega aonde precisa. Qual a
finalidade de termos TVs digitais se também temos milhões de desempregados e milhões de
famintos andando pelas ruas? Onde está o mundo prometido, em que aqueles que
produzem têm direitos?
Como alguém pode pensar que um smartphone que custa três mil reais está certo, mas um aluguel que custa 800 é caro? Isso não é inversão de
valores, é burrice mesmo!
Vejo pessoas de bem tirarem projetos do chapéu para acudir à
multidão de perdidos. Hortas comunitárias ou caseiras nascendo como solução ao
veneno que os poderes públicos impõem sobre nossas mesas; programas
educacionais que visam tirar crianças e adolescentes das garras da
criminalidade; professores tentando desesperadamente ensinar aos seus alunos
que conhecimento é uma conquista e não algo que se pode desprezar.
Hoje, por motivos vários, eu estava tensa com os meus
equipamentos de trabalho e, a certo momento alguém me perguntou se eu odiava
tecnologia. Eu apenas respondi que não, mas que a tecnologia parecia me odiar. Agora,
mais tranquila, respondo ainda mais, que a tecnologia é útil quando ela serve à
vida e aos seres vivos.
O quer eu quero dizer é que estamos em um mundo de “coisificação”,
onde seres vivos são tratados como objetos e objetos tratados como seres vivos.
E isso sim é uma inversão de valores. A tecnologia existe para nos servir e não
o contrário.
O tempo passou, o mundo se modernizou tecnologicamente, mas
ainda há famintos e desesperados. Doentes abandonados. Crianças tratadas como
lixo. E tudo o que vejo são pessoas que esperaram (em vão!) por justiça e por
um mundo melhor, que não veio para elas, ou para os filhos delas, e nem para os
netos delas.
Precisamos muito acordar para a vida e parar com a ideia de
que tudo é eterno. Nós não somos. O mundo não é e a tecnologia, com certeza (!)
não é. Vamos levantar e andar porque eu quero um mundo melhor para mim!!
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