domingo, 14 de julho de 2019

Por dentro do futuro distópico

Ficção científica vira fato científico?



Sempre amei ficção científica, mesmo enfrentando críticas dos medíocres de que aquilo era coisa de nerd, de sonhadora, de pessoas que querem ver tecnologias resolvendo problemas da espécie humana. Mas, eu confesso (!), que distopias nunca me fizeram a cabeça, porque eu era sim uma esperançosa.
Entretanto estamos vivendo em um mundo mais distópico do que eu imaginava e isso me deixa deprimida de verdade. Senão vejamos: como explicar que as pessoas acreditem em coisas como se fossem verdadeiras, ainda que não tenham NENHUMA prova disso?
Alguém chega para você e diz que um direito conquistado há mais de 70 anos (e que virou uma lei, em um tempo em que se faziam leis realmente com motivos) vai ser suprimido porque isso vai beneficiar você. E você, ao invés de usar seu cérebro para pensar a respeito e ver que aquilo vai prejudicar você, bate palmas e diz: sim! Eu quero voltar para a senzala! Se isso não é distopia, nem sei mais o que é.
E essa distopia da qual eu falo se fez mais que presente na semana passada. Direitos conquistados são privilégios, e os privilégios de alguns foram esfregados na cara daqueles que produziram e ainda produzem a riqueza da nação com seu sangue, suor e lágrimas. Cansei de ver gente falando que “fulano” ou “sicrano” estão ricos porque trabalharam e “chegaram lá”. Mas não vejo pessoas pensando que essas pessoas chegaram lá porque milhares trabalharam para que eles fizessem a vida. Ou alguém acha mesmo que esse “chegar lá” foi sozinho?
Muitas decisões foram tomadas na semana passada e nas semanas anteriores. Desde um certo golpe, travestido de “luta contra corrupção” temos visto um retrocesso econômico infinito neste país. E esse retrocesso está crescendo e todas as conquistas sociais, que poderiam nos tirar realmente do buraco sendo usurpadas novamente. Semana passada, o PIB de um país foi jogado no colo de montes de corruptos para que estes usurpassem mais direitos.
E neste momento, tudo o que tenho em mente é que pouco mais de 100 parlamentares honraram os seus eleitores e pensaram neles, e não em quanto dinheiro poderiam roubar para manter seus podres poderes. Me orgulhei das Luizas e dos Ivans... Me orgulhei de saber que nem tudo está perdido, pois ainda temos pouco mais de cem “homens (e mulheres) justos”. Me orgulhei o bastante para ver, de novo, que algum dia esses “poderosos” terão poder sobre o nada que construíram.
Mas isso não significa que não estou com vergonha de ser brasileira. Porque estou.
Um adendo: coloquei como imagem deste post um terço, pensando que esta semana foi tão terrível que só Deus consegue nos salvar. Mesmo que a maioria das pessoas que me envergonharam esta semana se diga “de Deus”. Não são. Ou eles têm alguma bíblia própria que diga para oprimir ao invés de salvar.

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