Ficção científica vira fato científico?
Sempre amei ficção científica, mesmo enfrentando críticas
dos medíocres de que aquilo era coisa de nerd, de sonhadora, de pessoas que
querem ver tecnologias resolvendo problemas da espécie humana. Mas, eu confesso
(!), que distopias nunca me fizeram a cabeça, porque eu era sim uma
esperançosa.
Entretanto estamos vivendo em um mundo mais distópico do que
eu imaginava e isso me deixa deprimida de verdade. Senão vejamos: como explicar
que as pessoas acreditem em coisas como se fossem verdadeiras, ainda que não
tenham NENHUMA prova disso?
Alguém chega para você e diz que um direito conquistado há
mais de 70 anos (e que virou uma lei, em um tempo em que se faziam leis
realmente com motivos) vai ser suprimido porque isso vai beneficiar você. E
você, ao invés de usar seu cérebro para pensar a respeito e ver que aquilo vai
prejudicar você, bate palmas e diz: sim! Eu quero voltar para a senzala! Se
isso não é distopia, nem sei mais o que é.
E essa distopia da qual eu falo se fez mais que presente na
semana passada. Direitos conquistados são privilégios, e os privilégios de
alguns foram esfregados na cara daqueles que produziram e ainda produzem a
riqueza da nação com seu sangue, suor e lágrimas. Cansei de ver gente falando
que “fulano” ou “sicrano” estão ricos porque trabalharam e “chegaram lá”. Mas
não vejo pessoas pensando que essas pessoas chegaram lá porque milhares
trabalharam para que eles fizessem a vida. Ou alguém acha mesmo que esse “chegar
lá” foi sozinho?
Muitas decisões foram tomadas na semana passada e nas
semanas anteriores. Desde um certo golpe, travestido de “luta contra corrupção”
temos visto um retrocesso econômico infinito neste país. E esse retrocesso está
crescendo e todas as conquistas sociais, que poderiam nos tirar realmente do
buraco sendo usurpadas novamente. Semana passada, o PIB de um país foi jogado
no colo de montes de corruptos para que estes usurpassem mais direitos.
E neste momento, tudo o que tenho em mente é que pouco mais
de 100 parlamentares honraram os seus eleitores e pensaram neles, e não em quanto
dinheiro poderiam roubar para manter seus podres poderes. Me orgulhei das
Luizas e dos Ivans... Me orgulhei de saber que nem tudo está perdido, pois
ainda temos pouco mais de cem “homens (e mulheres) justos”. Me orgulhei o bastante
para ver, de novo, que algum dia esses “poderosos” terão poder sobre o nada que
construíram.
Mas isso não significa que não estou com vergonha de ser
brasileira. Porque estou.
Um adendo: coloquei como imagem deste post um terço,
pensando que esta semana foi tão terrível que só Deus consegue nos salvar.
Mesmo que a maioria das pessoas que me envergonharam esta semana se diga “de
Deus”. Não são. Ou eles têm alguma bíblia própria que diga para oprimir ao
invés de salvar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, sua opinião é sempre bem-vinda!