Estou meio triste hoje, porque uma amiga que fiz neste bairro onde vivo foi para longe de nós.
Ela tem uma banca de jornal e revistas, uma das mais antigas
da cidade e, por conta das mudanças, nem sempre boas, foi para o final da rua.
Longe dos olhos, mas
não do coração.
Ela é uma pessoa positiva, e mesmo tendo passado por coisas
muito ruins, sempre olhou para frente, sem perder a fé.
Bancas de jornal sempre estiveram na minha vida e quando
vejo uma delas fechando ou tendo que se mudar, eu me entristeço.
Tenho várias histórias e ligações com jornais e revistas,
com as bancas e seus donos.
Desde criança sempre me lembro de meus familiares lendo
jornais, revistas, quadrinhos, livros.
Comprar a Revista Realidade sempre...
São memórias afetivas.
O conhecimento e a verdade não vinham de idiotas de redes
sociais.
Não vinham de pessoas que nem sabem o significado das
palavras.
Ou das pessoas tolas que acham engraçado usar palavras
ofensivas por trás do anonimato covarde.
Gente que acha o Paulo Freire o culpado por uma educação
ruim, mas nem leu um livro dele para conhecer.
Pessoas que acham a cartilha Caminho Suave a coisa mais
importante, mas não sabem o significado de EDUCAÇÃO.
Sou do tempo dos fascículos comprados em bancas.
Do tempo em que jornalistas narravam fatos.
Eu vivi um tempo em que tínhamos de usar metáforas para falar dos fatos e não correr risco de vida.
Não se enganem. Muitas pessoas da minha faixa etária também “viveram
isso”, mas não entenderam nada.
Para isso precisariam de mais profundidade, mas não
quiseram.
Essas pessoas são aquelas que invejam; cobiçam; querem o que
outros têm, mas não fazem nada para mudar a si mesmos.
Pessoas que nem percebem que coisas não as farão serem
melhores como humanos.
Que só sabem desejar o mal dos outros, porque elas se sentem
poderosas “tendo” e não “sendo”.
Estou infeliz, porque sou uma escrevinhadora e vejo as
bancas, os programas jornalísticos,, livros e bibliotecas se acabarem.
Tudo em nome de uma mudança que não traz felicidade para
ninguém.
Sinto falta das pessoas que conheci nas bancas de jornal.
Das revistas que me
ensinaram, me divertiram e letraram.
Tenho saudades de ir com meu irmão à biblioteca.
Tenho saudades de atravessar a rua para comprar revistas,
palavras cruzadas, jornais.
Lembro quando saiu a primeira revista Recreio.
Tinha uma história, não lembro quem escreveu, de uma menina infeliz.
Essa menina via sempre umas crianças brincando com uma bola,
e correndo felizes.
Um dia ela viu a bola, mas não as crianças e pegou a bola,
levando-a para casa.
Passaram os dias e ela não conseguia encontrar a felicidade
com aquela bola.
Porque a felicidade não estava na bola... Era intangível.
Se com este texto eu conseguir ensinar uma coisa a uma
pessoa, que seja:
Pare de achar que coisas vão completar o seu vazio.
Isso não vai trazer a sua felicidade, e nem sua cupidez irá
trazer.
Perceba que a felicidade só será completa se você conseguir
fazer alguém feliz.
Por favor, tragam de volta minhas bancas de jornal, e as
pessoas que ficam nelas...
·
As fotos e tudo o mais são minha homenagem a um
tempo em que ousamos ser criativos.
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