É carnaval e eu não estou nem um pouco animada. Mas o
carnaval nunca me animou mesmo. Não sou uma foliona. Mesmo sendo uma garota do
rock, eu gosto de samba, mas não dos “enredos” mais recentes, que parecem todos
iguais, como a música que meu vizinho não para de ouvir, me fazendo pensar onde
foram parar os grandes compositores (?).
Mas esse não é o motivo deste post. A minha motivação é
outra coisa, tão repetitiva quanto os enredos e funks cariocas. Minha motivação
é meio que calar algumas (muitas) pessoas. Todos pensam no carnaval como uma
festa diabólica, e tal. Ou na bagunça e no barulho. Bem, se vamos falar da
mania do brasileiro de ser histérico em tudo, vamos ficar o dia todo falando.
Primeiramente, o carnaval é uma festa religiosa, e digo a
alguns amigos e ex-colegas, que NÃO pode acontecer quando eles bem entendem.
Explico isso porque tem gente (especialmente pessoas ligadas ao turismo de
eventos), que adoraria colocar o carnaval na época do ano que bem entendem.
Caso ninguém tenha percebido, é sempre uma data móvel entre fevereiro e março.
É um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica
da Quaresma, durante o período historicamente conhecido como “Tempo da Septuagésima
(ou pré-quaresma)”. O consumo de álcool, carne e outros alimentos proscritos
durante a Quaresma é extremamente comum, já que por 40 dias o jejum e a
abstinência farão parte do dia a dia.
Porque estou falando disso tudo? Porque não é de hoje que as
pessoas abusam durante as festas de Momo. Isso é quase tão antigo quanto a
humanidade. E também é uma festividade meio que “roubada” de outras culturas, e
incorporada de tal modo na cultura ocidental que mal se sabe o princípio. É
mais ou menos uma espécie de preparação para a carência do final do inverno e
uma preparação para o início da primavera no hemisfério Norte, que coincide com
a Páscoa.
Por isso os símbolos pascoais são os ovos e coelhos, símbolos
da fertilidade, do renascimento, usados para mostrar que tudo se transforma.
Mas esse é um princípio da minha quaresma, na qual vou
compartilhar coisinhas bacanas para fazer com as crianças; receitas sem carne
para fazer durante os 40 dias, sobremesas que vão além dos ovos de chocolate e
muito mais. E já que é um princípio, que tal a gente começar uma tradição
diferente? Vamos fazer gestos concretos durante a quaresma e tentar ajudar quem
não está podendo nada? Alimentos, materiais de higiene e limpeza, roupas e
calçados são bem vindos em muitas organizações.
Se conseguirmos ser mais generosos, talvez essa quaresma
seja mesmo redentora. Ah! Essa imagem de máscara, serpentinas etc. é para
lembrar que já foi mais poético o carnaval, mas não menos louco!
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