Esse será um artigo pequeno, mais uma colocação do que
passam pessoas que já estão bem acima dos 39 anos. Veja bem. Trabalho desde
meus 14 anos, e já deveria estar me aposentando, não fossem alguns pequenos
probleminhas com os quais, tenho certeza (!), muitos irão se identificar.
Meus primeiros trabalhos, em pequenos escritórios, como
recepcionista, não foram registrados em carteira profissional. Só aí devo ter
perdido uns 12 meses ou mais. Mas valeram como experiência, e não é disso que
vou falar aqui (isto fica para outro artigo).
Vou falar de como está cada vez mais difícil encontrar
trabalho, com um nível de exigências crescentes por parte dos recrutadores e um
nível de pagamentos cada vez mais baixo. E olhem bem: estou procurando por
qualquer trabalho! Preciso pagar as contas no final do mês.
Mas, no geral, tenho procurado trabalho na minha área de
atuação, que é Comunicação, especialmente como redatora. E tem sido um parto
com fórceps! Muitas das ofertas que recebo são para pessoa jurídica (PJ), o que
não é um problema, já que sou microempreendedora individual. Isso, por si só,
já demonstra a falta de vontade do empresariado de pagar para ter um
funcionário CLT, mas eles precisam entender que não podem fazer exigências
trabalhistas, como se o PJ fosse seu empregado.
Eles podem exigir o trabalho feito e entregue no prazo, mas
não que o profissional se desloque da sua casa todos os dias, por conta
própria, se alimente, e cumpra horário de entrada e saída como se estivesse batendo
o cartão. Ora bolas! Do que estou falando? Estou mesmo pedindo que sejam
razoáveis?
Pior é que os níveis de exigências para preencher o “cargo”,
que não é um emprego com benefícios, vão da exigência de idiomas estrangeiros
fluentes (já me pediram até japonês, juro!) a MBAs, pós-graduações, cursos de
especialista em mídias e redes sociais etc.
Por favor, entendam que eu sei a importância de uma boa
formação para o profissional, mas ao mesmo tempo em que essas exigências aumentam,
diminui o valor que a empresa está disposta a pagar. E quando questionamos alguma coisa, somos
ignorados.
Vou dar um exemplo: uma pessoa entrou em contato comigo por
whats app dizendo que havia deixado uma mensagem para mim em um dos meus
buscadores de trabalho. Fui olhar e dizia mais ou menos o seguinte: “temos um
trabalho para você como redatora, pagamento mensal de R$ 400. Você tem problema
com algum tipo de texto?”
Eu respondi que precisaria de mais informações, já que não
estou disposta a fazer nada ilegal ou imoral. Perguntei quantos textos esse
valor pagaria e que tipo de textos, quantos caracteres etc., já que ele pediu
emissão de nota fiscal.
ESTOU ESPERANDO A RESPOSTA HÁ DUAS SEMANAS E O CARA QUE ME
MANDOU WHATS ME BLOQUEOU.
Em outra vaga à qual me inscrevi, por falta de um “NÃO”,
recebi dois, vindos de duas pessoas. Com os mesmos dizeres: “quando você fizer algum
curso novo (não especifica nenhum), se inscreva novamente.
Na segunda vez eu tive que perguntar se o problema era com a
minha idade, já que era a segunda resposta negativa para uma vaga que me
inscrevi apenas UMA vez. A moça não se deu por achada, e me respondeu que eu
era preparada “DEMAIS” para a vaga.
Como é? Sou preparada demais, mas ainda tenho que fazer um curso
não especificado de sei lá o que?
Pois é. Essas são algumas das incoerências com as quais
estamos lidando, e sim (!) a idade conta muito para os recrutadores, que acham
(os eternos achismos!) que as pessoas
que passam dos 39 anos não existem mais e precisam ser expurgadas do planeta.
Por último, quero chamar a atenção para uma questão muito
séria, como se tudo o que falei antes não fosse sério o bastante. Alguns sites
de buscas de vagas nos levam para outros sites, e sei que muitos deles são
idôneos, mas em tempos de insegurança digital, preciso questionar:
A TROCO DE QUE A PESSOA EMPREGADORA PRECISA SABER O MEU
NÚMERO DE CPF?
Desde os tempos de procura de emprego em agências e batendo
na porta das empresas para entregar currículos, amigos que trabalhavam, como eu
já trabalhei, em departamentos de RH, dizem que não precisamos e não devemos
passar números de documentos. Você não sabe quem está do outro lado e qual é a
intenção dessa pessoa.
No seu currículo já tem nome completo, data de nascimento,
endereço e telefone. Com um número válido de documento é uma festa para
fabricar uma Rita falsa e causar por aí.
Portanto, minha última regra do artigo é: cuidado!
Já estamos, como desempregados, em um momento vulnerável da
vida. E isso em tempos muito bicudos, onde parte das pessoas nos chama de
folgados; parte nos chama de vagabundos inúteis; e a outra parte fica brincando
de nos escolher por último.
Depois de todas essas colocações, que, espero (!), tenham
esclarecido algo para você leitor, mais do que para mim, termino desejando a melhor
sorte do mundo, porque nessa irracionalidade toda, vamos precisar!
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