sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A procura do emprego em tempos incertos



Esse será um artigo pequeno, mais uma colocação do que passam pessoas que já estão bem acima dos 39 anos. Veja bem. Trabalho desde meus 14 anos, e já deveria estar me aposentando, não fossem alguns pequenos probleminhas com os quais, tenho certeza (!), muitos irão se identificar.

Meus primeiros trabalhos, em pequenos escritórios, como recepcionista, não foram registrados em carteira profissional. Só aí devo ter perdido uns 12 meses ou mais. Mas valeram como experiência, e não é disso que vou falar aqui (isto fica para outro artigo).

Vou falar de como está cada vez mais difícil encontrar trabalho, com um nível de exigências crescentes por parte dos recrutadores e um nível de pagamentos cada vez mais baixo. E olhem bem: estou procurando por qualquer trabalho! Preciso pagar as contas no final do mês.

Mas, no geral, tenho procurado trabalho na minha área de atuação, que é Comunicação, especialmente como redatora. E tem sido um parto com fórceps! Muitas das ofertas que recebo são para pessoa jurídica (PJ), o que não é um problema, já que sou microempreendedora individual. Isso, por si só, já demonstra a falta de vontade do empresariado de pagar para ter um funcionário CLT, mas eles precisam entender que não podem fazer exigências trabalhistas, como se o PJ fosse seu empregado.

Eles podem exigir o trabalho feito e entregue no prazo, mas não que o profissional se desloque da sua casa todos os dias, por conta própria, se alimente, e cumpra horário de entrada e saída como se estivesse batendo o cartão. Ora bolas! Do que estou falando? Estou mesmo pedindo que sejam razoáveis?

Pior é que os níveis de exigências para preencher o “cargo”, que não é um emprego com benefícios, vão da exigência de idiomas estrangeiros fluentes (já me pediram até japonês, juro!) a MBAs, pós-graduações, cursos de especialista em mídias e redes sociais etc.

Por favor, entendam que eu sei a importância de uma boa formação para o profissional, mas ao mesmo tempo em que essas exigências aumentam, diminui o valor que a empresa está disposta a pagar.  E quando questionamos alguma coisa, somos ignorados.

Vou dar um exemplo: uma pessoa entrou em contato comigo por whats app dizendo que havia deixado uma mensagem para mim em um dos meus buscadores de trabalho. Fui olhar e dizia mais ou menos o seguinte: “temos um trabalho para você como redatora, pagamento mensal de R$ 400. Você tem problema com algum tipo de texto?”

Eu respondi que precisaria de mais informações, já que não estou disposta a fazer nada ilegal ou imoral. Perguntei quantos textos esse valor pagaria e que tipo de textos, quantos caracteres etc., já que ele pediu emissão de nota fiscal.

ESTOU ESPERANDO A RESPOSTA HÁ DUAS SEMANAS E O CARA QUE ME MANDOU WHATS ME BLOQUEOU.
Em outra vaga à qual me inscrevi, por falta de um “NÃO”, recebi dois, vindos de duas pessoas. Com os mesmos dizeres: “quando você fizer algum curso novo (não especifica nenhum), se inscreva novamente.

Na segunda vez eu tive que perguntar se o problema era com a minha idade, já que era a segunda resposta negativa para uma vaga que me inscrevi apenas UMA vez. A moça não se deu por achada, e me respondeu que eu era preparada “DEMAIS” para a vaga.
Como é? Sou preparada demais, mas ainda tenho que fazer um curso não especificado de sei lá o que?

Pois é. Essas são algumas das incoerências com as quais estamos lidando, e sim (!) a idade conta muito para os recrutadores, que acham (os eternos achismos!) que as pessoas que passam dos 39 anos não existem mais e precisam ser expurgadas do planeta.

Por último, quero chamar a atenção para uma questão muito séria, como se tudo o que falei antes não fosse sério o bastante. Alguns sites de buscas de vagas nos levam para outros sites, e sei que muitos deles são idôneos, mas em tempos de insegurança digital, preciso questionar:
A TROCO DE QUE A PESSOA EMPREGADORA PRECISA SABER O MEU NÚMERO DE CPF?

Desde os tempos de procura de emprego em agências e batendo na porta das empresas para entregar currículos, amigos que trabalhavam, como eu já trabalhei, em departamentos de RH, dizem que não precisamos e não devemos passar números de documentos. Você não sabe quem está do outro lado e qual é a intenção dessa pessoa.

No seu currículo já tem nome completo, data de nascimento, endereço e telefone. Com um número válido de documento é uma festa para fabricar uma Rita falsa e causar por aí.

Portanto, minha última regra do artigo é: cuidado!

Já estamos, como desempregados, em um momento vulnerável da vida. E isso em tempos muito bicudos, onde parte das pessoas nos chama de folgados; parte nos chama de vagabundos inúteis; e a outra parte fica brincando de nos escolher por último.

Depois de todas essas colocações, que, espero (!), tenham esclarecido algo para você leitor, mais do que para mim, termino desejando a melhor sorte do mundo, porque nessa irracionalidade toda, vamos precisar!

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