Todos os dias me sento em frente a esse computador e faço
aquilo que preciso fazer para continuar respirando: eu escrevo. E, acreditem
(!), eu sei que o paralelo da folha em branco é mais velho do que andar para
frente.
Eu tenho um blog, e se você está lendo este texto é porque
entrou aqui, e sei que muitos entram para ver uma receita, ler alguma dica ou
compartilhar algo, ou desabafar. Eu faço isso às vezes, já que isso é um blog
e, tecnicamente é o que se faz em blogs.
E farei isso hoje, já que estou com muita raiva mesmo. Não
estou triste, nem cansada, e nem querendo usar a razão. Quero a raiva pura de
quem vê as notícias e não acredita que as pessoas engulam tanta coisa sem
reagir. Estou com raiva de ser chamada de feminazi, esquerdopata, e sei lá mais
o que. Na verdade não estou ofendida, porque quem me chama assim tem argumentos
tão estúpidos que nem valem a pena.
Como posso levar em consideração a opinião de gente que
passa em frente a um incêndio em uma favela e ao invés de tentar ajudar faz
buzinaço e xinga como se qualquer ser humano merecesse aquele fim? Gente que vê
um morador de rua e diz que está assim porque não quer “pagar impostos”?
Como levar a sério gente que vê todas as desgraças mundo
afora, mas não vê a desgraça acontecendo bem debaixo do próprio nariz? Ou que
vendo todas as desgraças mundo afora, além de não ajudar em nada, ainda se acha
no direito de emporcalhar quem se mexe para ajudar?
Como considerar a opinião de quem diz que a “esquerda”
inventou a divisão de classes, gêneros, raças para dar argumentos ao “vitimismo”
(sim eu li em uma rede social e denunciei)? Gente assim quer provar que a terra
é plana, porque a ignorância faz parte de suas vidas.
Como não engasgar quando vejo alguém falando barbaridades
sem o menor conhecimento e querendo ter razão? Gente que diz que se alguém não
está contente com o próprio trabalho, é só sair para outro, sem levar em
consideração os mais de 13 milhões de desempregados?
Perdoem-me se desejo um país e um mundo melhor não apenas
para mim, mas para o meu próximo também.
Perdoem-me se acredito que nenhum ser humano merece ser torturado ou humilhado.
Perdoem-me se eu desejo que as pessoas tenham direito à
vida, a um trabalho que lhes sustente, a educação, saúde, segurança, sem
discriminações de nenhuma espécie. Sempre acreditei que o nome disso era “cidadania”.
Se isso é ser esquerdopata (ou seja lá o nome que quiserem
me dar), então eu sou. E com orgulho! Mas, com toda a certeza, duvido que pessoas que me chamam assim saibam o significado do que dizem, porque elas não sabem nem o significado de HUMANIDADE.
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