Vou usar meu espaço blogueiro para falar, de novo (!), da
região onde vivo. Mas tenho que começar
por um acontecimento que eu percebi sábado passado, enquanto voltava de uma
visita a uma parenta internada, e eu chegava ao terminal de Piraporinha.
A princípio nem reparei, já que era noite e meu bairro não
anda lá muito bem iluminado, mas uma moça me pediu informação de um endereço e
olhei em direção ao hotel Xuxu (escrito errado, assim mesmo) para dar a direção
para onde ela deveria ir, e vi uns tapumes. Só no dia seguinte com a luz do sol
eu vi que o local onde estava o hotel não tinha mais nada, além dos tapumes.
Não vou chorar a perda porque nem nos “áureos” tempos o
hotel foi grande coisa. Tinha uma padaria mequetrefe embaixo, a “Sonho
(pesadelo) da Vila”. E ambos estavam com suas atividades encerradas há uns dois
ou três anos. Mas os dois comércios duraram mais de três décadas e, em algum
momento, viveram suas prosperidades suburbanas.
O hotel e a padaria viram Diadema crescer, prosperar,
derrocar. Viram o hospital em frente nascer, ficar obsoleto e continuar
descendo a ladeira. Viram a igreja de Bom Jesus mudar de fisionomia e ser
encoberta pelo terminal metropolitano. Viu a indústria chegar à cidade e abandonar os
que acreditaram nela.
Quando trabalhava perto do local eu sempre brincava que ia
trazer as pessoas para ver uma enchente ao vivo em Piraporinha e que ia
hospedá-las no Xuxu. O hotel se foi, mas as enchentes continuam.
Estou chateada, sim, porque me sinto como o hotel demolido,
que um dia foi útil a alguém, mas cujo tempo passou e ninguém ligou, e agora
são apenas escombros. Espero que em algum lugar alguém tenha ficado triste do
mesmo modo que espero que alguém fique triste por mim.
Alguns dirão: “mas você é uma pessoa e não um prédio velho”.
E eu terei que responder: “nos dias de hoje, com os corações endurecidos das
pessoas, isso pouco importa”. Adeus Xuxu. Espero que algo bem bacana surja de
seus escombros.
Perdoem a foto tosca do hotel, mas só consegui uma imagem no street view, já que as minhas fotos estão em uma pasta incerta e não sabida.
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