terça-feira, 13 de novembro de 2018

Para que tanto esforço?


 Como ser um MEI sem enlouquecer?

Quando comecei este blog, a intenção, além de ganhar algum dinheiro escrevendo, foi discutir os problemas que continuamos enfrentando com o passar dos anos. Para quem acredita que melhora com a idade, não melhora! Sei que muitos me chamarão pessimista, mas tenho motivos para isso, e não vejo esses arco-íris lindos das mensagens pré-fabricadas que me mandam todos os dias.

Vamos a alguns
fatos: sou MEI desde fevereiro deste ano, e por conta disso, pago uma carga de impostos com trabalhos entrando ou não. Mas apenas recentemente tive que tirar uma NF de serviços e procurei a prefeitura de minha cidade para saber o que fazer. Foi quando começou o calvário.

Primeiro queriam me tratar como empresa de portas abertas, o que não sou. Literalmente eu sento diante do computador e escrevo. Esse é o meu trabalho. Me pediram tantas coisas para conseguir a inscrição do município que fui procurar um contador, porque não conseguia entender nada.  E ainda tive que ouvir de uma atendente da prefeitura de Diadema muito malcriada que eu tinha que entender que uma coisa do governo federal não tem nada a ver com o município, como se a cidade estivesse acima da nação.

Para quem é MEI, e já frequentou o portal, sabe que esse processo deveria ser facilitado, pois a lei foi para regularizar o trabalho de profissionais e facilitar a vida do pequeno empreendedor. A costureira, o vendedor de churrasco, e idiotas como eu.

Resumindo uma história muito longa, que durou mais de 50 dias, tive que colocar na linha três contadores, um amigo que perdeu vários dias dentro do poupatempo, e mais um monte de ligações para pessoas a quem eu falava “A” e entendiam “Z”.

Nesses 50 dias me pediram metragem do local de trabalho (como definir a metragem de uma mesa com um computador?), auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, certificado da secretaria de Agricultura (????) e outros absurdos. No meio disso algumas pessoas mais inteligentes me ajudaram muito, pois eu quase enlouqueci. E no fim, quando eu pensava estar tudo certinho... Não! Lá vou eu ligar para a prefeitura e saber o que diabos estava errado, pois ainda não conseguia entrar e tirar uma simples nota fiscal.

Acho que foi nesse momento que alguém falou que bastava de tortura. E um santo fiscal resolveu em menos de 5 minutos um problema que se arrastava há muito.

É claro que não vou comparar a minha cidade com outras ou meu problema com o dos outros, apenas quero demonstrar que não é fácil fazer as coisas certas neste País. Porque em nenhum momento eu pedi benefícios extras, apenas o direito de fazer as coisas sem encontrar paredes no meio do caminho.

Nesse momento fiquei pensando na dona Maria, que vende trufas na saída do Metrô Jabaquara, e vive com medo de que a polícia venha e leve embora o produto do seu trabalho suado, que ela faz para poder sobreviver. Sim! Sobreviver! Porque, assim como eu, a dona Maria tem que procurar brechas, desesperadamente, para poder se sustentar.

Nenhuma de nós está lucrando. Só se esforçando. A questão é: Vale a pena?



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