sábado, 3 de novembro de 2018

Voltando à prancheta de estudos



Quem realmente acompanha o meu blog sabe que não é feito só de receitas, plantas e defesa da natureza, orgânicos etc. Quem acompanha de verdade sabe que, muitas vezes, usei meu espaço para compartilhar ideias não preconcebidas, mesmo que em formato de receitas.

Este artigo, escrito ao final de uma semana bem difícil, na qual ouvi e vi muitas coisas feias, é escrito com o coração partido de quem, mais uma vez, não sabe aonde vai, mas quer compartilhar onde esteve e o que fez.

Quero falar, entre as receitas, as hortas, e as árvores, sobre a experiência de trabalho que eu tive; as dificuldades de ser microempreendedora individual (MEI); sobre tomar transporte coletivo todos os dias para o trabalho; sobre direitos e deveres.

Para começar, vamos falar de contratos e deixemos claro que isso de criar as condições de MEI tem que ser muito bem pensada. Não esqueça de que os impostos, despesas etc. são por sua conta e que você virou uma empresa e precisa ter lucro.

Meu contrato mais recente teve uma proposta de pagamento razoável, mas... Pensemos:


1-      Tive que abrir uma conta bancária do MEI, mesmo que eu, e apenas eu seja o MEI. Ou seja, despesas com pacote de tarifas bancárias, sem falar em todos os vai e vens para aprovação de cadastro e uma agência bancária que nunca está disponível quando se precisa;
2-       Entre minha casa e o local do trabalho tenho que pegar ônibus e metrô, que mesmo com o desconto dá $ 71, por semana;
3-       Você precisa se alimentar fora de casa, porque o contrato tem que ser cumprido na empresa que contratou, o que dá mais uns $ 120 por semana se você for a lugares baratos e não tomar sucos ou água.

Nem vou falar em despesas extras como café, ou roupa para trocar no trabalho, já que o esporte favorito dentro dos ônibus que saem de Diadema é tomar café em cima das pessoas em ônibus superlotados (falaremos disso em outra ocasião), mas... fizeram contas básicas? São $ 800 pratas, mais ou menos que você vai gastar do seu bolso, já que como contratado você não tem os direitos a vale refeição ou transporte.

E além disso, você tem os impostos e taxas mensais, que você paga trabalhando ou não. É tudo sobre “lucro presumido”. Ou seja, se seu contrato não for bem remunerado, você vai pagar para trabalhar, porque a conta de luz e água de casa você é quem paga; a internet para trabalhar; o aluguel, despesas pessoais com vestimenta, médico, dentista.

E no fim de tudo, quero que você pense: EU SOU UMA EMPRESA E PRECISOTER LUCRO.
E aí? Meditou sobre essas poucas coisas que contei sobre ser MEI? Se pensou, você chegou à mesma conclusão que eu. Não é fácil; não é simples; e tem alguém se dando bem com isso, mas não sou eu, porque ainda acho que estou pagando para trabalhar.

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