Nesta semana, decisiva para sabermos se esta nação continua
sobrevivendo ou se vamos todos para o ralo, eu deveria ter escrito isso há
muito tempo. Mas o desânimo tomou conta de mim.
O desânimo de saber que as pessoas em geral, que nem sabem
direito o que é corrupção (ou que já cometeram atos corruptos) acreditam que
isso é um crime pior do que torturar outro ser humano.
O desânimo de perceber que as pessoas se deixam enganar por
coisas do tipo: “se eles foram torturados e mortos é porque mereciam”. Ou “se essa moça foi estuprada deve ter
provocado”. “Se mora na rua é vagabundo”. São tantas demonstrações de ódio que
só consigo me cansar mesmo e pedir a Deus que me leve, pois não quero mais
viver neste planeta.
Ouvir alguém dizer que há uma escolha política aqui só me dá
vontade de chorar. Não porque uma escolha é melhor ou pior que a outra,
politicamente falando, mas porque há questões de humanidade envolvidas das
quais não podemos nos esquivar.
Já passou da hora de deixar de lado esse “nós contra eles”.
Isso não é um jogo de futebol, no qual apostamos e ficamos felizes se for o
vencedor. É o destino de uma nação e quero muito que as pessoas parem de olhar
o próprio umbigo, como se só os seus problemas importassem ou que elas pensem
em fazer escolhas pelo que é melhor para a maioria, e não só para uma meia
dúzia.
Quero que as pessoas pensem que “não escolher” é fazer uma
escolha, porque o seu ato de não fazer é deixar que alguém escolha por você, e
aí o direito de reclamar deixa de existir também.
Se você acredita que a violência é uma forma de combater a
violência, nem termine e continue com sua escolha/não escolha. Se você acredita
que outro ser humano tenha de viver uma sub-vida ou mereça ser torturado e
morto, continue com sua escolha/não escolha. Mas, guardadas as proporções,
temos muitas pessoas crucificadas, queimadas, guilhotinadas, que dizem que você
está errado.
Um dia, essas pessoas vão levantar e apontar para você, e
dizer: "você é culpado porque se calou, ou disse mentiras". "Você é culpado porque perseguiu ao invés de acolher". "É culpado porque se calou ante o mal".
E que Sant’Anna, representada nessas imagens, nos guarde a
todos e seja nossa mestra, do mesmo modo que ensinou a filha dela, Maria, a se
dar pelo bem dos outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, sua opinião é sempre bem-vinda!