sábado, 27 de outubro de 2018

Para que o mal vença, basta que as pessoas de bem não façam nada


Nesta semana, decisiva para sabermos se esta nação continua sobrevivendo ou se vamos todos para o ralo, eu deveria ter escrito isso há muito tempo. Mas o desânimo tomou conta de mim.

O desânimo de saber que as pessoas em geral, que nem sabem direito o que é corrupção (ou que já cometeram atos corruptos) acreditam que isso é um crime pior do que torturar outro ser humano.

O desânimo de perceber que as pessoas se deixam enganar por coisas do tipo: “se eles foram torturados e mortos é porque mereciam”.  Ou “se essa moça foi estuprada deve ter provocado”. “Se mora na rua é vagabundo”. São tantas demonstrações de ódio que só consigo me cansar mesmo e pedir a Deus que me leve, pois não quero mais viver neste planeta.

Ouvir alguém dizer que há uma escolha política aqui só me dá vontade de chorar. Não porque uma escolha é melhor ou pior que a outra, politicamente falando, mas porque há questões de humanidade envolvidas das quais não podemos nos esquivar.

Já passou da hora de deixar de lado esse “nós contra eles”. Isso não é um jogo de futebol, no qual apostamos e ficamos felizes se for o vencedor. É o destino de uma nação e quero muito que as pessoas parem de olhar o próprio umbigo, como se só os seus problemas importassem ou que elas pensem em fazer escolhas pelo que é melhor para a maioria, e não só para uma meia dúzia.

Quero que as pessoas pensem que “não escolher” é fazer uma escolha, porque o seu ato de não fazer é deixar que alguém escolha por você, e aí o direito de reclamar deixa de existir também.

Se você acredita que a violência é uma forma de combater a violência, nem termine e continue com sua escolha/não escolha. Se você acredita que outro ser humano tenha de viver uma sub-vida ou mereça ser torturado e morto, continue com sua escolha/não escolha. Mas, guardadas as proporções, temos muitas pessoas crucificadas, queimadas, guilhotinadas, que dizem que você está errado.

Um dia, essas pessoas vão levantar e apontar para você, e dizer: "você é culpado porque se calou, ou disse mentiras". "Você é culpado porque perseguiu ao invés de acolher". "É culpado porque se calou ante o mal".
Tenho fé que isso vai acontecer.

E que Sant’Anna, representada nessas imagens, nos guarde a todos e seja nossa mestra, do mesmo modo que ensinou a filha dela, Maria, a se dar pelo bem dos outros.

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