Esse será o artigo mais difícil que escreverei, porque
tentarei ser coerente, mas não tenho a certeza de conseguir. Vou começar a
história com os restos de uma cama quebrada que estão dentro de minha casa e
que preciso levar a um ponto de coleta do município para não deixar em casa ou
na rua.
Estava comentando com alguém do meu bairro a respeito disso,
e a pessoa me falou a certa altura para eu deixar na praça, porque “todo mundo
faz isso”. E eu disse que não achava isso correto, mas a pessoa insistia
dizendo “se você não fizer o outro faz”. Olhei bem nos olhos da pessoa e disse:
‘tem um monte de gente que rouba e mata, mas eu não vou fazer isso, porque sei
a diferença entre certo e errado’. A tal pessoa se calou e depois de um tempo
reconheceu que eu estava certa.
Ontem à tarde, alguém jogou um pacote de entulho em frente
do meu prédio. E sei que essa pessoa foi vista, pois quando voltei os comércios
ainda estavam abertos, mas ninguém se importou se estava vendo uma coisa errada
acontecer, mas não moveu uma palha para impedir.
Independente disso, a questão aqui não é estar certa ou
errada, mas sim pensar sobre o que se faz e se isso não vai prejudicar ao
próximo. Estamos vivendo tempos tão individualistas que parece que todos pensam
que o mundo foi inventado só para a própria satisfação, não importando se uma
atitude nossa pode prejudicar milhões de pessoas.
Na verdade o pensamento geral é sempre: “mas é só o meu saco
de entulho”; “é só o meu papel”; “é só o meu copo, canudinho, garrafa”; é só o
meu! Não é. É o seu e o de muitas pessoas que pensam igual a você, sem se
importar se está ferrando com a vida alheia. Provavelmente você se acha uma pessoa
de bem, de família, e que qualquer coisa que você fizer está assegurada por
isso. Mas não está.
Bondade está em pequenos gestos também. Está em pensar antes
de falar alguma coisa que pode ofender alguém. Antes de fazer alguma coisa que
pode atrasar a vida de alguém. E o que menos tenho visto nestes tempos é
bondade. Especialmente em tempos eleitorais vejo uma sede tão sanguinária de
poder que chego a passar mal.
Ouço e vejo pessoas chegarem às raias do absurdo para
defender que devemos mesmo andar armados e sei lá (!) atirar nas caras uns dos
outros porque algo que se faz não nos agrada. Não sei por qual motivo o fato de
uma pessoa ter opção sexual diferente da sua; religião; cor de pele; sexo;
ideologia diversa da sua seja motivo para agressão.
Vejo uma boa parte do meu país acreditando em um projeto
que, além de ser um retrocesso de desenvolvimento, prega uma violência e um
sadismo fora do comum. E ainda tem gente que não sabe como a Alemanha caiu no
nazismo.
Pois é. Isso também é fazer algo sem pensar se isso vai
prejudicar ao próximo. Vamos colocar aqui que não estou fazendo a propaganda de
ninguém, mas estou levantando a bandeira da democracia e pedindo: pensem muito
bem antes de fazer algo que pode prejudicar milhões de pessoas que não merecem
isso.
Para terminar, gostaria de lembrar que a Alemanha nazista
levou o mundo a uma guerra mundial, na qual mais 47 milhões de pessoas morreram
em batalhas, em campos de concentração, de fome, de doenças. A violência não
nos levou a parte alguma. Quero lembrar também que alguns dos mais improváveis
rivais ideológicos se uniram para combater um mal maior. E é só o que eu peço e
espero. Uma união para combater o mal maior.
Mas também espero que as pessoas parem de jogar lixo na rua.
Talvez um dia eu consiga convencer alguém. Hoje escorreguei em um monte de santinhos largados pela rua. Que droga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, sua opinião é sempre bem-vinda!