Já faz um tempo que quero escrever sobre minha tia Marina.
Talvez desde aquela postagem do Natal, em que falei da casa no bairro do Tatuapé.
Aquela na esquina da Celso Garcia com a Rua Reynaldo Cajado. Mas, como meu
primo Pedro, supremo guardião da receita da Friccazza da dona Marina não abre
mão desse segredo de estado, vou falar de outras coisas.
Para começar, minha tia era uma dessas pessoas generosas com
tudo e todos. Sempre querendo agradar quem visitava a casa. E era uma pessoa
engraçada, dessas de tirar sarro com todo mundo, literalmente! Assim como minha
avó, ela fumava pelas tripas do Judas.
Bem, era uma época em que muitos faziam isso.
Uma das coisas que me lembro de rir muito, foi um dia em que
uns primos resolveram fumar “escondidos” no único banheiro da casa do Tatuapé. Até
que minha tia, muito zoeira, bateu à porta do banheiro e soltou a pérola: “que
vocês se juntem no único banheiro da casa para fumar em bandos, eu não ligo!
Mas roubar a única caixa de fósforos da casa... Não admito”.
Mas a coisa que mais me faz lembrar minha tia Marina são as
plantas. Não me lembro de não ver sempre algum vaso plantado por ela no terraço
da casa. Ela plantava de tudo. Flores, hortaliças, ervas. E talvez seja dela um
pouco essa mania que tenho de ter vasos e jardineiras em minhas janelas e área
de serviço. É uma necessidade de verde que consome.
Assim como ela, eu trato minhas plantas com o que tiver à
mão. Faço mini-composteiras com cascas de frutas e legumes, restos de verduras
e cascas de ovos. Coloco borra de café para dar uma adubada no solo. E não me importo
com o vaso que vou usar. Vale tudo quando queremos ter umas ervas frescas e
algumas flores na janela.
As fotos desse artigo são, em sua maioria, das minhas
plantas. A foto mais antiga é no terraço da minha tia, e aquelas crianças já
não são mais crianças há um bom tempo e também não encontrei uma foto da minha tia. Mas não importa. Vejam as plantas dela. Debaixo de todo aquele amarelado da foto tem muitas coisas verdes, que
deveríamos ter em todas as partes das nossas cidades cinza. Além disso, plantar em família é tão bom, que mesmo depois de muitos anos, ainda lembro disso e continuo.
Eu aqui na terra e minha tia em outro plano aprovamos e
damos o maior apoio! E juro tentar conseguir a receita da Friccazza...
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