terça-feira, 11 de setembro de 2018

O tempo que perdemos (ganhamos) nos percursos da vida



Estou fazendo um trabalho bem longe da minha casa, e isso me deu a oportunidade, depois de muito tempo, de andar no Metrô paulistano e na linha do trólebus que liga o grande ABC  à Capital e observar a fauna local. E esse pequeno post é sobre isso. Sobre as coisas estranhas que vemos por aí.

Para começar, há horas em que sinto vontade de gritar, porque, especialmente nos terminais, as pessoas agem feito idiotas, ignorando qualquer aviso. Um exemplo? “Ande sempre pela sua direita”. Não importa se é na escada rolante, nos corredores, na entrada dos trens ou nas rampas de acesso... PELO AMOR DE DEUS! ANDE PELA DIREITA! Dessa forma você evita esbarrões, a circulação dos transportes melhora e ninguém atrapalha ninguém.

Posto isso, vamos falar sobre as saídas de passageiros do trem, na maior parte das vezes correndo como loucos. Sim, eu entendo que os transportes estão péssimos e cada dia mais chegamos atrasados aos nossos compromissos, não importa se saímos mais cedo ou não. Mas a questão aqui é o desespero com que se sai em direção às escadas rolantes. A gente fica pensando se as pessoas que correm estão com medo de nunca mais ter uma saída daquele local, porque as escadas deixarão de existir para sempre.

Mas essa é a selva de gentes. Milhões de pessoas usando um transporte, que ainda é melhor do que enfrentar o caos do trânsito. E nos dá a chance de olhar e ver os comportamentos. E o que mais me chamou a atenção após muito tempo que não usava os transportes em horário de pico, foi a falta de leitores de livros e o excesso de celulares à mão vendo algo da TV ou mensagens e redes sociais. Não se iludam com alguém vendo coisas úteis, porque não é isso.

Antes eu adorava ver que não era o único alienígena com um livro dentro dos transportes, agora me sinto meio perdida, como se quisesse me mostrar acima de alguém. Mas não é isso. A única vantagem que se tem em usar os transportes públicos é poder fazer algo durante o tempo que perdemos no deslocamento entre a casa e o trabalho. Podemos dormir e completar o sono, é claro, mas ler pelo simples prazer de ler e distrair a mente de tudo o que enfrentaremos no dia de trabalho.

Certa vez um amigo tentou me consolar e dizer que livros, jornais e revistas estavam sendo substituídos por leitura online. Mas pelo que ando observando, ele estava redondamente enganado. As pessoas estão lendo fofocas, se apropriando da forma mais vil de desinformação, que é disseminar tudo o que recebem nas redes sociais, sem se importar se aquilo é verdade ou não.

Os livros, jornais e revistas estão perdidos... Alguns dizem que o fator preço influencia, mas também não creio nisso, porque eu nunca tive muito, mas sempre tive uma biblioteca pública para pegar algo e ler.

Dizem que quem lê todos os dias vive mais, mas não sei se isso é uma vantagem, porque me sinto meio solitária aqui no mundo dos leitores. Então vou pedir, além das coisas acima, que as pessoas levem seus livros e “ganhem tempo” usando seus percursos para ler. É como canja de galinha: mal não faz!



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