quarta-feira, 13 de junho de 2018

Pipoca salgada, bandeirinha de papel de pão e pamonhas deliciosas


Hoje vou me lembrar de coisas familiares

O leitor já deve ter desconfiado que gosto desses meses de festas como ninguém. Talvez seja por me lembrar de coisas familiares, de quando as coisas eram mais prosaicas. Não vou dizer que eram melhores ou piores que agora, porque não existem parâmetros para julgar isso. Eram mais divertidas para mim, pois me lembram da infância e situações engraçadas e pensamentos que só as crianças têm.

Lembro de uma noite fria, jogando rouba-monte com meu irmão (que sempre me passava a perna), e a certa altura resolvemos que faríamos pipoca para acompanhar nossa brincadeira. É claro que não consultamos nenhum adulto, porque éramos bem mais independentes nos anos 70... Estouramos pipoca, salgamos e... Estava intragável de tanto sal.

Começamos a pensar o que fazer para tirar um pouco do sal e os dois “gênios” começaram a executar ações típicas dos patetas, como peneirar para o sal sair e ficar a pipoca; passar na água (ficou nojentamente encharcada!); e por fim, usar a técnica mais comum quando se cozinha, colocar batatas para elas sugarem o excesso. Mas é claro que isso só funciona para cozimento, o que qualquer pessoa experiente saberia.

Obviamente não comemos a tal pipoca, e para quem perguntar por que não estouramos mais, saibam que essas coisas não eram muito comuns e milho de pipoca era caro. Não tinha sobrando em casa.

Pobreza? Não sei se é... 

Na verdade minha família vivia bem perto da faixa de pobreza, mas mesmo assim, as coisas eram mais frugais, pois estudávamos em escolas do estado, com duas mudas de uniforme para cada um e apenas um par de sapatos para a escola e outro para passeio. Hoje olho na minha sapateira e me parece ostentação.

Mas isso me trouxe à lembrança outra situação, que aconteceu no final dos anos 60. Creio que em 1967, quando nos mudamos de São Paulo para São Bernardo. Foi estranho, pois era a primeira vez que saíamos da zona de conforto. Chegaram as festas juninas e as pessoas do bairro novo faziam uma festa para a comunidade toda, como os vizinhos que tínhamos em São Paulo. Mas não conhecíamos ninguém.

Novamente a genialidade “palladina” entrou em campo e resolvemos que faríamos a nossa festa, pois era mais fácil que fazer amigos novos, claro! Toca a juntar tudo quanto era papel de pão que tinha em casa para recortar bandeirinhas, que seriam penduradas nos varais do quintal.

Novamente, a falta de experiência nos pegou. Ninguém avisou aos gênios que é preciso ter certa dose coordenação motora para recortar bandeirinhas, e que precisa muito papel colorido para fazer aquilo funcionar. Ficou tosco! E nós ficamos envergonhadamente patéticos. Até uma alma bondosa vir ao nosso resgate e nos convidar para a brincadeira do bairro. Fizemos novos amigos e no fim deu tudo certo, menos as nossas bandeirinhas.

E seguindo com as receitas juninas, não vou falar de pipoca, é claro! É só colocar na panela com óleo, estourar, chacoalhar e salgar (sem excessos!). Mas vou passar uma receita de pamonha, explicando que para fazer essa delícia de milho, também precisa ter habilidade, ou a pamonha não ficará “o puro creme do milho verde”.

Aliás, aonde foram parar os carros da pamonha de Piracicaba?

Pamonha da roça

Ingredientes

Oito espigas de milho verde com palha
1/2 xícara (chá) de leite
Uma colher (sopa) de manteiga
1 e 1/2 xícara (chá) de açúcar
Uma pitada de sal

Preparação

Corte a extremidade das espigas com uma faca. Limpe as espigas e reserve as palhas maiores e melhores para embrulhar as pamonhas. Em uma panela, leve ao fogo o leite e a manteiga até derreter. Reserve.
Com uma faca, retire os grãos de milho das espigas. Reserve os sabugos. Bata os grãos no liquidificador até obter um creme. (coe se necessário)
Adicione essa mistura ao leite reservado, acrescente o açúcar, o sal e mexa bem. Passe as palhas reservadas em água fervente por alguns segundos. Separe duas palhas para cada pamonha.
Pegue a primeira, dobre as laterais e a ponta, formando um saquinho. Encha o saquinho com o líquido da pamonha e cubra com a outra palha, dobrando as laterais e a ponta. Amarre as extremidades, de canto a canto, com um barbante.
Coloque as pamonhas em uma panela com água, uma a uma, e cubra com os sabugos reservados. Mantenha no fogo por 1 hora ou até a palha ficar bem amarelada.


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