terça-feira, 19 de junho de 2018

Vou chorar com palavras



Sei que muitos irão me crucificar por postar minha dor num blog. Mas eu não ligo, porque é a minha dor que me leva a lembrar das coisas boas e que me leva a escrever. Esse é o meu trabalho e se eu parar agora a dor fica pior.

Com esse preâmbulo, apenas digo que alguém amado saiu desta vida. Alguém muito amado. Não era perfeito. Também, quem é? Não era santo. Era alguém que viveu, sofreu, amou, lutou e que se foi.

Desde a hora em que recebi a notícia, milhares de coisas passaram por minha cabeça. Mas nenhuma delas tinha a ver com morte. Lembrei-me de cada briga e como os motivos eram fúteis. Italianos de sangue quente, que jogavam coisas uns nos outros, mas que perdoavam com a mesma rapidez.

Mas as coisas que mais lembro são as coisas ensinadas. Ele me ensinou a ler; a tocar alguns acordes no violão; a jogar bola (ele queria se pintar de preto para ser o Pelé); empinar pipa; jogar fubeca; pular muro. Me ensinou a plantar, colher e amar plantas e flores.

Era meu companheiro de infância mesmo sendo cinco anos mais velho.

Passamos muitos momentos ruins juntos, mas os bons também foram bastantes. Coitado. Me levava ao cinema todo ano na semana da criança para ver os mesmos filmes. E depois tomávamos sorvete em uma lanchonete Ou íamos comer pipoca na praça.

Hoje só sinto a dor de ele ter ido embora, e a necessidade de dizer que sinto falta das crianças que fomos um dia e que ele agora pode voltar a ser.

E para o cara que eu conheço que mais trabalhava, só posso dizer... Descansa em paz. Vou rezar por nossas almas.

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