Sei que muitos irão me crucificar por postar minha dor num
blog. Mas eu não ligo, porque é a minha dor que me leva a lembrar das coisas
boas e que me leva a escrever. Esse é o meu trabalho e se eu parar agora a dor
fica pior.
Com esse preâmbulo, apenas digo que alguém amado saiu desta
vida. Alguém muito amado. Não era perfeito. Também, quem é? Não era santo. Era
alguém que viveu, sofreu, amou, lutou e que se foi.
Desde a hora em que recebi a notícia, milhares de coisas
passaram por minha cabeça. Mas nenhuma delas tinha a ver com morte. Lembrei-me
de cada briga e como os motivos eram fúteis. Italianos de sangue quente, que jogavam
coisas uns nos outros, mas que perdoavam com a mesma rapidez.
Mas as coisas que mais lembro são as coisas ensinadas. Ele
me ensinou a ler; a tocar alguns acordes no violão; a jogar bola (ele queria se
pintar de preto para ser o Pelé); empinar pipa; jogar fubeca; pular muro. Me
ensinou a plantar, colher e amar plantas e flores.
Era meu companheiro de infância mesmo sendo cinco anos mais
velho.
Passamos muitos momentos ruins juntos, mas os bons também
foram bastantes. Coitado. Me levava ao cinema todo ano na semana da criança
para ver os mesmos filmes. E depois tomávamos sorvete em uma lanchonete Ou íamos
comer pipoca na praça.
Hoje só sinto a dor de ele ter ido embora, e a necessidade
de dizer que sinto falta das crianças que fomos um dia e que ele agora pode
voltar a ser.
E para o cara que eu conheço que mais trabalhava, só posso
dizer... Descansa em paz. Vou rezar por nossas almas.
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