Porque é tão difícil plantar e vender orgânicos?
Continuando com minha série em torno de certas leis votadas
à revelia da nação e que não apenas prejudicam os pequenos agricultores e
comerciantes, mas condenam um povo a ingerir venenos que nem deveriam mais
existir na face da terra, vou falar algumas coisas sobre a produção e
comercialização disso e porque é difícil, mas não impossível, viver disso.
Vamos começar com a facilidade que empresas de grande porte
têm de comercializar seus produtos, mesmo que esses levem as pessoas a doenças,
algumas incuráveis. A pergunta é, porque é tão fácil vender salgadinhos feitos
de isopor, refrigerantes lotados de açúcar e sódio, e produtos que dizem ser
uma coisa que não são, mas não uma verdura ou legume orgânico?
A resposta a isso está no nome por trás de cada produto. Os
salgadinhos saem em sua maioria de empresas multinacionais gigantes, que fazem
verdadeiros lobbies nas câmaras estaduais e federais, assim como todos os
outros produtos mencionados.
Quem está por trás das verduras e frutas orgânicas? No geral
são pessoas ligadas à agricultura familiar; são aqueles que plantam hortas
comunitárias; são pessoas que não têm nem dinheiro, nem tempo de ficar fazendo
agrados a políticos que, ao invés de fazerem leis que protejam e defendam os
cidadãos, preferem fazer lei para ajudar aqueles que perpetuam seus
privilégios.
Em mais um ato de desobediência civil, o primeiro foi
convocar as pessoas a plantar mais e incentivar mais seus agricultores locais,
hoje quero falar de produtos e locais de comercialização.
Se você vai ao supermercado, deve ter visto uma série de
produtos e marcas de produtos orgânicos que vão de açúcares a alimentos industrializados
com rótulos indicativos de procedência, fabricação etc. Posso garantir a vocês
que estes não correm perigo de desaparecer. Por quê? São industrializados e
pagam impostos altíssimos para estar naquelas prateleiras. Mas minha lei é
sempre desconfiar. Leia atentamente os rótulos dos produtos que compra para não
ser enganado.
Explicando com simplicidade: pegue um pão integral
industrializado e veja sua composição. Se tiver farinha enriquecida com ácido
fólico, não é pão integral, e você só está pagando mais caro por um produto que
diz ser uma coisa que não é. Mas porque essa “enganação” não é impedida? Porque
há uma grande empresa por trás daquele produto, pagando muito caro para
continuar vendendo gato por lebre.
Portanto: fiquem atentos aos produtos que vocês compram
muito caro. Eles podem não ser o que você precisa ou espera que seja.
Feiras livres orgânicas
Com o advento da agricultura familiar e os movimentos em
torno de hortas comunitárias, urbanas, educacionais, terapêuticas, criou-se uma
necessidade de ajudar a comercialização desses produtos.
Eu venho divulgando amplamente neste blog a necessidade de
conhecer melhor o local onde vivemos, no intuito de saber mais sobre quem
planta, quem comercializa produtos frescos, doces, queijos, embutidos etc.
Enfim, precisamos conhecer produtores e comerciantes que lidem com esses
produtos para termos mais autonomia.
Vou divulgar aqui um link do Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor – IDEC, que dá um mapa informativo da produção e comercialização
de orgânicos em todo o país, no qual a pessoa sabe como está a situação em sua
região e como é mais fácil para ela adquirir produtos sem veneno.
Aliás, este artigo vem da ideia de uma amiga de faculdade,
que falou sobre a feira de orgânicos próxima dela. Não conheço, mas vou
divulgar, porque acontece todos os sábados no estacionamento do shopping Villa
Lobos (Av. Nações Unidas 4777, São Paulo-SP), das 8h às 13h. Lá o cliente pode
encontrar barracas com verduras, hortaliças, frutas, legumes, ovos, geleias
etc.
Na região onde moro, o Grande ABC paulista, quase todas as
cidades têm feiras de orgânicos e programas de plantio de hortas urbanas e
comunitárias. Se não há uma horta perto de sua casa, verifique se há alguma
feira de orgânicos. Santo André, por exemplo, tem algumas, no shopping ABC (sextas
das 15h às 20h) e mais recentemente no Paço Municipal, aos domingos, das 9h30
às 13 horas.
Mas para saber mais informações, o melhor mesmo é pesquisar
no site do IDEC (acima), que dá informações completas.
Vamos fazer a nossa parte e recusar o veneno que querem
empurrar para nós. E não aceitem a máxima de que não dá para ter comida para
todos se não houver agrotóxicos. Dá sim. É só parar de desperdiçar tanto na
hora de transportar, armazenar e comercializar os produtos.
Em tempo: entre a colheita e a venda ao consumidor final,
mais de 40% da produção brasileira se perde, totalmente desperdiçada. E isso
também precisa parar, porque é inaceitável em um mundo que passa fome.
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