sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Vamos plantar e mudar o planeta

Como fazer uma horta comunitária

Em uma semana na qual vi meu bairro mais sujo e sem verde do que jamais vi; numa semana em que vi uma grande corporação querer barrar a venda de sementes por pequenos agricultores; em que vi que ao invés de misericórdia, a raiva cresce nas pessoas, nada mais importa a anão ser tentar passar aquilo que aprendi e que pode mudar o mundo, mas de forma local.

O mundo não muda de cima para baixo. Como uma casa, ele precisa que a base esteja bem alicerçada.

Já falei várias vezes sobre hortas comunitárias, e a popularidade delas cresce a cada dia. Para quem quer iniciar um desses projetos em seu bairro ou cidade, mas ainda não sabe como começar, vou passar um passo a passo para transformar a vontade de plantar e colher em realidade.

◊ Passo número 1: Comece a falar sobre uma horta comunitária. Antes de plantar a semente, plante a ideia. Converse com pessoas de sua comunidade e fale sobre os benefícios e todas as vantagens que uma horta comunitária pode trazer. Deixe que eles percebam a sua vontade em fazer acontecer e sejam contagiados por isso.

◊ O próximo passo é encontrar um espaço ideal. Dizem que nas grandes cidades as áreas livres estão cada vez mais escassas. Mas isso não é totalmente verdade. Aqui em Diadema, já vi hortas que nasceram sob as torres de alta tensão; em terrenos baldios; em espaços degradados ao lado de grandes empresas. É possível! O terreno tem que ser ensolarado. O solo não precisa ser perfeito, pois ele pode ser substituído por terra nova sem a necessidade de grandes alterações ou investimentos.

◊ Pesquise se existe algum tipo de subsídio na sua região. Algumas prefeituras cedem sementes, ferramentas e até instrutores para ensinarem as primeiras técnicas. Existem também ONGs e coletivos que ajudam os novos agricultores. Pesquise e aproveite os benefícios que essas trocas podem gerar.

◊ Inicie um sistema de compostagem. Umas latas com um pouco de terra, onde sejam jogados restos orgânicos, como cascas de cebola e de frutas. Não deixe de cobrir bem esses locais pois o cheiro de uma composteira é de decomposição. Entretanto o adubo produzido por este sistema é usado na plantação e substitui os fertilizantes industriais. Os próprios participantes podem fazer uma composteira, mas, não se esqueçam de sempre trabalhar com luvas para manusear o adubo orgânico.

◊ Designe canteiros para cada família ou pessoa participante. Quando cada um é responsável por seu canteiro a horta flui melhor. As sementes, entretanto, devem estar disponíveis para todos os participantes e estes devem ter liberdade de escolher o que será plantado no seu espaço. Além disso, é legal incentivar os participantes a criarem suas próprias mudas para que possam trocar uns com os outros e ter mais variedade no plantio.

◊ Cerquem o terreno. A questão não é impedir que a comunidade entre na horta, mas uma saída para evitar a entrada de animais domésticos no local de plantio, evitando estragos no solo.

◊ Criem regras. Em hortas comunitárias é preciso planejamento. Escalas que determinam dias e horários dos responsáveis pela rega das plantas, por exemplo, é algo essencial. Isso evita que o local receba água de mais ou de menos. Mutirões de plantio e limpeza também são sempre bem-vindos. Ah! E procure uma tabela de datas para o plantio. É bom que todos saibam o que e quando plantar.

◊ Manter e melhorar a horta são os próximos passos. Se for necessário, criem um conselho com pessoas aptas e dispostas a solucionar atritos, receber sugestões e criar novas soluções para elevar a qualidade da horta urbana. Receber bons conselhos e trocar experiências é essencial para manter o grupo unido e melhorar o plantio. Se for possível, convidem palestrantes para dar conselhos e incentivar a comunidade.

Depois dessas sugestões, que, espero (!), lancem sementes para muitas novas hortas espalhadas pelo país, desejo dar uma última sugestão: façam uma festa da colheita e convidem as suas comunidades. Não apenas os participantes da horta. Mostrem no seu bairro, ou vila, o quanto é saudável plantar e colher os próprios alimentos, e quanto bem aquele “pedaço de verde” trouxe para a sua região. Quem sabe isso não se torna a raiz de muitas hortas comunitárias!

Vamos plantar afeto e arrancar as ervas daninhas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, sua opinião é sempre bem-vinda!

Duas vidas ou uma só basta?

Duas vidas ou uma só basta? : Não me lembro de quem foi que disse a frase: “deveríamos ter duas vidas, uma pra ensaiar e outra para represen...