segunda-feira, 19 de março de 2018

Não quero morrer sem água


Porque precisamos de muito mais árvores


Embora pareça que o título não tem nada a ver com o subtítulo, prometo que chegaremos a uma conclusão que, na verdade, os dois são complementares.

Vamos começar por uma coisa que é bem próxima de mim, que é a vida das árvores na cidade. Precisamos de árvores para oxigenar um ar que está sobrecarregado de partículas e poluentes vindos das fábricas, dos escapamentos de veículos, enfim, das ações humanas. Mas elas também são necessárias para baixar a temperatura dos locais onde vivemos. Já falei em mais de um artigo que locais arborizados têm temperaturas mais amenas que avenidas nuas que só têm asfalto e cimento.
As árvores, em sua respiração, não apenas refrescam, mas também atraem chuvas mais amenas, fazendo o ambiente ficar com umidade balanceada e diminuindo a possibilidade de temporais violentos e enchentes, já que o solo se torna menos impermeável.

Agora que falei do que acontece nas cidades, vamos falar de um problema que acontece no Cerrado brasileiro, e que deve estar sendo discutido no 8º Fórum Mundial da Água que, este ano, está acontecendo em Brasília-DF. Há menos de um mês, entidades ambientalistas divulgaram que 100 milhões de hectares de árvores do cerrado já foram devastadas para plantar soja.

Quero deixar claro aqui que não sou contra a agricultura, mas sim contra a destruição desnecessária de um bioma de 40 milhões de anos sendo substituído por uma monocultura que vai destruir muito mais do que pequenas árvores e animais... Vai destruir o abastecimento de muitas bacias hidrográficas.

O Cerrado brasileiro, com suas pequenas árvores e arbustos é como uma floresta de ponta cabeça. Suas raízes buscam água bem profundamente, e isso mantém a permeabilidade do solo, o que permite a recarga dos aquíferos quando chove. E porque isso é importante? Porque os aquíferos do Cerrado abastecem as principais bacias hidrográficas do País, e sem elas, não tem água pra beber; para tomar banho, para abastecer a nossa principal fonte de energia, as hidrelétricas; e, claro, não tem água para a agricultura e a pecuária brasileira.

Vou terminar perguntando ao leitor: você também não está pensando que precisamos parar de destruir coisas achando que vamos construir algo a partir da destruição? Portanto, vamos parar com a destruição não só do cerrado, mas das florestas tropicais, da caatinga, das cidades.
Entenderam agora a relação entre água e árvore?

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