quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Cadê a árvore que estava aqui?


Cortes e podas de árvores a dois dias do ano um!
Abacateiro suprimido porque derrubava folhas sobre os carros

Para quem já leu meu blog, que faz aniversário daqui a dois dias, sabe que há algumas coisas das quais eu gosto mais de falar, como culinária, hortas, jardins, reciclagem e natureza. Talvez por ser uma moradora de cidade, eu sinto falta de muitas coisas e, pelo menos enquanto caminho, preciso de lugares onde haja verde, e onde eu tenha espaço para andar com segurança, o que, em Diadema, está quase impossível.

Na verdade eu não comecei esse artigo para falar das calçadas quase inexistentes da minha cidade, mas sim sobre o descaso da administração municipal com relação a árvores ou qualquer tipo de vegetação. Já falei em outras postagens sobre como meu bairro foi sendo suprimido de verde, e a tal questão da compensação, que jamais é feita na mesma região de onde as árvores foram suprimidas.

Vou mostrar algumas fotos (com legendas), de árvores que foram cortadas no meu bairro, mas não consigo mostrar todas, já que foram muitas. Piraporinha, quando me mudei para cá há 13 anos, tinha árvores em todas as ruas do meu entorno, além de duas áreas verdes que foram detonadas, dando lugar a torres de apartamentos e condomínios industriais. Se houve compensação? Claro que não! Nem mesmo a rede de água e esgoto foi redimensionada para aguentar tanta carga.

Hoje (22/8), sei que haverá uma “visita técnica” à praça mais antiga da cidade, a qual a administração quer transformar em estacionamento. Ou seja: árvores e humanos fora! Carros são mais importantes. E a administração é do Partido Verde...

E pegando nesse gancho, vou falar das árvores do estacionamento da prefeitura de Santo André, que, na calada da noite, foram arrancadas sob a alegação de que não se “desenvolveram adequadamente”, mas que estavam ali há mais de 30 anos. Fiquei tristemente surpresa, pois aquela cidade sempre teve certa preocupação com a questão do verde e da qualidade de vida, com programas inovadores inclusive na questão de coleta seletiva. Há ainda a alegação de que galhos poderiam cair das árvores atingindo os veículos e as pessoas, como se isso fosse algo comum de acontecer no local. Mas, sabemos que árvores só atacam em legítima defesa.
Restos das Sibipirunas do Paço de Santo André, por Edu Guimarães

Santo André e Diadema são as únicas vilãs? Não. Parece que nenhuma cidade da Grande São Paulo está escapando da motosserra assassina. Amigos de várias regiões de São Bernardo dão queixa de que árvores estão sendo cortadas, enquanto o mato não é nem aparado. E as coletas seletivas em cidades onde acontecia foram cortadas. Ah! Estamos economizando, mas também não estamos administrando.
Estacionamento sem as árvores, com uma "irônica" lixeira, por Edu Guimarães

E chegamos ao ponto que eu queria. Estamos elegendo administrações que não sabem como é difícil fazer a zeladoria de uma cidade. É preciso entender e cuidar da questão do lixo; do bem-estar dos munícipes; do saneamento; das escolas; e de como a cidade pode melhorar se cuidarmos dela, com plantio (em todas as regiões) de árvores e vegetações. Há estudos internacionais que atestam não só os benefícios à saúde quando há mais verde nas cidades, como também o quanto isso aumenta o bem-estar e diminui a violência.

Não estou dizendo aqui que a criminalidade vai acabar plantando árvores, mas as pessoas, devido ao verde mais espalhado, tendem a ser menos briguentas e mal-humoradas. Cria-se ânimo e bem-estar.
Nos últimos 13 anos em que estou aqui vi as árvores do meu bairro sumirem, ou serem podadas tão descuidadamente que acabaram mortas. Vi o ruído (de carros, ônibus, motos, caminhões e pessoas) aumentar ao limite do intolerável; a poeira se tornou cada vez mais cinza e particulada; os riachos não apenas não foram recuperados como pioraram.
Árvore suprimida porque atrapalhava a passagem de pedestres, mas cujas raízes permanecem impedindo qualquer passagem

As águas das represas que nos abastecem estão com poluição de metais pesados, impossíveis de tratar, e os esgotos estão explodindo por serem mal dimensionados. E nós? Estamos sendo mortos por isso também.

Não sei a solução para tudo isso. Aliás, esse foi um dos motivos de criar este blog, o de falar sobre o assunto. Mas, como muitas coisas, não creio que tive grande sucesso na criação de um debate.  Espero melhorar se tiver um segundo ano, mas creio que, além de escrever, terei que fazer uns terrorismos, como plantar em todos os buracos que tiver nas calçadas, cortar todos os fios que estiverem caídos nas vias e quebrar com minhas próprias mãos todo veículo que passar aqui com ruído acima dos 30 decibéis.

Torçam por mim!

Por mais áreas verdes que nos tragam vida




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