sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O limite do desespero e do desemprego


Vou começar esse texto pedindo esculpas antecipadas pelos escorregões que vou tomar enquanto relato uma parte de tudo o que eu e milhões de pessoas estão passando. Não que eu saiba o que cada um dos 27,6 milhões esteja passando, mas sou uma deles e posso falar por mim.

Primeiramente, explico esse número gigante. O IBGE acaba de publicar uma lista de desemprego, na qual afirma que falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros. E, como meu cérebro não fritou com todos os absurdos que vejo sendo feitos e ditos neste país, pergunto: uai! As tais reformas não eram para diminuir o desemprego?

Pois é. Não diminuiu. Quando essa roda da fortuna começou a girar loucamente, tínhamos menos da metade desse número que o IBGE publicou neste meio de Agosto. Não melhorou nada. Temos mais e mais trabalhadores, homens e mulheres, jogados à margem de tudo, em uma situação de desespero.

Vou relatar um pouco do que tenho passado nestes quatro anos e talvez eu consiga passar o desespero que sinto em tudo. Há quatro anos fui demitida de um trabalho porque a pessoa que me contratou foi fazer outra coisa e deixou todos nas mãos de alguém que, por puro despeito, jogou tudo e todos fora só para mostrar que o poder é o que importa.

Parece com a situação do Brasil agora? É porque é. Mesmo em dimensões menores, afinal eu era uma funcionária de uma prefeitura, é assim que todas as coisas ligadas ao serviço público estão funcionando. Ninguém se mexe para fazer nada, consertar nada ou criar nada. Mas se for para destruir algo só para mostrar que pode fazer isso... Fará!

Nestes quatro anos tenho feitos serviços na minha área (Comunicação) de forma avulsa, mas sem deixar de lado a procura por um trabalho efetivo, que me garanta o mínimo de dignidade. Mas não tenho sido bem-sucedida e sim, isso me leva a um desespero, porque não consigo me concentrar em como melhorar meu trabalho pensando que talvez amanhã eu não consiga pagar pelo teto que está sobre minha cabeça.  Ou pela comida que está na minha mesa.

Sabe aquela hora em que tudo à sua volta começa a quebrar? Dentes, eletrodomésticos etc. ou quando você começa a pensar que se gastarmos aqueles 10 reais pode faltar pra comprar o remédio novo que o cardiologista receitou e que NÃO está na farmácia popular? Pois é. Esses são uns poucos exemplos de como a minha cabeça tem girado em círculos.

As coisas quebram; as despesas mensais só aumentam, mesmo que você esteja consumindo cada vez menos; o gás acaba e vocês (se moram no mesmo país que eu) devem saber a quantas andam os preços. Como ser racional e pensar sobre alguma saída?

Minha cabeça está tão confusa com tantas informações e acontecimentos que me sinto o ser mais incompetente do universo em expansão. E piora quando vejo amigos e colegas de profissão, muito mais talentosos que eu, passando problemas parecidos.


Existe uma saída para o caos? Me apontem!

E no meio desse caos vêm algumas pessoas e começam a falar em soluções, nas quais você já pensou, mas que são todas de longo prazo, sendo que você precisa de alguma certeza AGORA. Não sei como explicar, mas é difícil pensar no concurso público que você vai prestar (e que muda de data toda hora) e lembrar que nenhum dos seus clientes avulsos mandou sequer um texto para você fazer e sua conta bancária está com mais furos que uma peneira.

Uma das minhas “saídas” para a situação foi a criação deste blog, que fará um ano semana que vem e, com muitos Page views, graças a Deus! Mas até isso está me tirando do sério. Explico: este blog está hospedado no Google, e dependo de visualizações e cliques, que me rendiam em média uns dois dólares diários. Um belo dia, no qual tive mais de duas mil visitas de página, de repente (!), fiz uns 50 centavos. E, sem a menor explicação, meus ganhos diários foram suprimidos, mesmo com o crescimento de leitores.

Hoje eles mandam uma mensagem querendo entender como é que estou ganhando menos, e depois de eu mexer e tentar entender a pergunta, já que o Google cortou minha margem de ganhos, eles mandam outra mensagem dizendo que TALVEZ eles tenham errado em alguma coisa. Mas não explicaram o que está errado.

E como se já não bastasse todo o caos, ainda tenho que entender porque as regras mudam no meio do jogo. É assim que muitos brasileiros estão se sentindo com relação a tudo. Com direitos sendo suprimidos e regras sendo mudadas nos últimos 10 minutos de jogo.

E voltando ao assunto que iniciou isso, por favor, perdoem esse texto maluco que parece sem pé nem cabeça, mas de repente vejo que estou no meio de 27,6 milhões de pessoas procurando trabalho, e, acreditem,  no meu caso, estou procurando em todas as plataformas possíveis (redes sociais, e-mail, agência de emprego, amigos...), e ouço algumas pessoas dizendo: “está vendo? Tem um monte de gente na mesma que você”.

Bem, isso não me consola. Só me deixa mais desesperada, porque esses milhões de pessoas precisam do direito básico de ganhar dinheiro trabalhando honestamente e ninguém merece ser tratado como lixo porque não tem trabalho. E estamos sendo tratados como lixo. Mesmo quem tem emprego. Ou vocês realmente acreditam que fomos nós, trabalhadores, que quebramos a previdência, as empresas, os bancos?

Não sei quanto a todos os que têm emprego ou chances de progredir, mas eu estou muito, mas muito cansada mesmo, e não creio que uma eleição possa mudar isso. Precisamos de um novo pacto social antes de pensar em como recomeçar essa democracia tosca que criamos no Brasil. E precisamos de pessoas que pensem em políticas públicas e em fazer o trabalho para o qual se elegeu antes de pensar que tem algum poder e quer mais.

Garanto que eu não estou querendo o poder, mas sei que nós todos queremos os nossos direitos. Para começar, os diretos que temos há muitos anos, de ter educação, saúde, segurança, além do direito de conquistar um lugar ao sol com o nosso trabalho.


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