Hoje o dia acordou cinza e com menos música no ar. Uma das
vozes mais belas do mundo foi cantar para Deus e só nos deixou aquilo que foi
eternizado em discos, vídeos e filmes.
Aretha Frankin, nascida em março de 1942 e morta neste
triste 16 de agosto de 2018, foi considerada a maior cantora de todos os tempos, e
ela era. Mas ela também era mais que isso. Era uma mulher que lutou por
direitos civis. Alguns dizem que essa luta foi em tempos piores que os nossos,
mas eu não creio nisso, pois só vejo a humanidade descer a ladeira.
O mundo não acordou só sem a voz dela para cantar, acordou
sem a voz dela para lutar pelas coisas certas ou para chamar a atenção das
pessoas para pensar.
Estou vendo Aretha (mentalmente) no filme “The Blues
Brothers” com sua voz potente cantado “Think” (pense) e desejando que alguém
mais faça isso. Não vou fazer como muitas pessoas em comentários toscos de
redes sociais, comparando essa diva com as coisas horríveis oferecidas em
rádios e TVs, porque Aretha é incomparável.
Aliás, as redes sociais hoje estão lotadas de pessoas
lembrando as canções mais famosas (Say a little prayer, Respect etc.), mas ela
teve uma carreira tão vasta que isso parece nada. A dama do Soul, diz a lenda,
não gostava de sair de Detroit, o que obrigava produtores, jornalistas,
videomakers a se deslocar para a cidade atrás dela. Ninguém se arrependeu, pois
ela sempre tinha algo espetacular a mostrar.
Além de ter estrela na calçada da Fama em Hollywood, Aretha
foi a primeira mulher a entrar para o clube do bolinha mais exclusivo da
música, o Rock and Roll Hall of Fame em 1987, e foi condecorada com a Medalha
Presidencial da Liberdade pelos serviços prestados ao seu país na luta pelos
direitos civis e considerada a “voz da América Negra”. Mais que isso, ela foi a
voz das mulheres e ícone da luta das mulheres negras.
Em tempos como os atuais, em que idiotas chamam qualquer
luta por direitos de mimimi, e no qual as pessoas estão cada vez mais jogadas à
margem, uma voz como a dela não poderia ser silenciada. Espero que não precise
me esconder em subterrâneos para ouvir sua voz gravada Aretha, porque pessoas
como você não nascem todos os dias.
Em tempo: há algum tempo, estava vendo (por preguiça de
mudar o canal) um desses programas de quem está mal vestida. A certa altura
alguém colocou Aretha. Mesmo com preguiça, me lembro de ter dito em voz alta: “quem
se importa se ela é ou não uma fashionista? Ela é Aretha! Está acima dessas
mundanices”!
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