O outro lado da panela de comida
Nesta segunda parte sobre o Dia Mundial da Alimentação,
continuarei dizendo que as notícias não são boas. Se por um lado o mapa da fome
voltou a crescer assustadoramente, por outro, a Organização Mundial da Saúde, afirma
que, na última década (2007-2017) o aumento de obesidade e diabetes foi de 60%
e 61%, respectivamente.
Criado na década de 1940, o Dia Mundial da Alimentação é
lembrado todo dia 16 de outubro e tem a finalidade de alertar a população sobre
a necessidade de uma nutrição consciente e hábitos alimentares saudáveis, além
de chamar a atenção para o problema da fome mundial que, em pleno século XXI,
ainda nos assombra.
O tema da alimentação saudável ganha muito espaço com a
publicação de dados alarmantes, que indicam o aumento da obesidade, colesterol
e hipertensão, o que nos mostra que as pessoas não estão na direção certa no
assunto “alimentação mais equilibrada”. Antes de qualquer coisa, é preciso
entender a relação que vem sendo criada com a alimentação ao longo dos últimos
anos. Cada vez mais comuns no dia a dia de muitos, as dietas restritivas, por
exemplo, levantam o seguinte questionamento: fazemos do alimento um aliado ou
um inimigo?
Estamos ficando doentes por nos alimentar com pressa e inadequadamente
Buscar uma dieta saudável tem a ver com a relação que as
pessoas têm com o alimento. Com tantas recomendações sobre o que se deve comer,
ou não, o excesso de informações que chega ao consumidor dificulta sua educação
alimentar, fazendo-o escorregar na sua rotina. Medidas que buscam controlar o
consumo de alguns alimentos, como é o caso do aumento de impostos sobre bebidas
açucaradas que vigora em alguns países, ainda são vistas como maneiras eficazes
de reeducar a pessoa a se alimentar direito, mas, na verdade, são uma forma de
punição ao consumidor.
Tente cozinhar mais e usar menos alimentos industrializados
Especialistas dizem que as pessoas devem ser informadas
sobre os nutrientes dos alimentos, e não aterrorizadas. A informação deve ser
clara e a decisão de comer ou não deve partir do consumidor. Não basta dizer
'coma isso', 'não chegue perto daquilo' ou taxar produtos para inibir o
consumo. Para isso, a chave é, mais uma vez, a educação, junto do equilíbrio e
bom-senso.
Aliás, bom-senso é o que mais falta no quesito alimentação.
As pessoas andam consumindo cada vez mais alimentos industrializados, temperos
prontos, sucos e refrigerantes fabricados e engarrafados, ao invés de cozinhar
seus próprios alimentos ou tomar água e sucos feitos em casa. Isso pode ser
fruto de uma vida corrida, cheia de obrigações e tarefas, e não estou aqui para
dizer que tudo isso está errado. Mas, o que deveria ser uma coisa de “de vez em
quando”, virou uma coisa constante. E, com isso, os índices de gordura,
colesterol, diabetes etc. cresceram assustadoramente.
Não se prive da comida gostosa, mas também não exagere!
A melhora da qualidade de vida, portanto, não está somente
atrelada aos hábitos alimentares. Os dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS), publicados em 2016, por exemplo, mostram que a população brasileira
passou a ter hábitos de vida mais saudáveis, aumentando o consumo regular de
frutas e hortaliças e reduzindo o de refrigerantes e sucos artificiais. Mas, os
índices de obesidade, hipertensão e diabetes continuam altos. Isso pode ser
apenas um momento, em que muitos estão saindo da desnutrição e caminhando para
a obesidade. Só nos últimos 10 anos, o aumento no índice de obesidade foi de
60%. Doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e câncer
respondem por 74% dos óbitos no Brasil e são as principais causas de mortes no país.
Tenha uma atividade física diária de uns 30 minutos no mínimo
Aí caímos na terceira vertente, que é o aumento de consumo de alimentos (mais calorias), mesmo com redução no consumo da gordura, sal, açúcares, e a falta de atividade física para gastar essas calorias. No Brasil, 78% das pessoas são consideradas sedentárias por não atingirem o mínimo de atividade física proposta pela OMS.
Concluindo, é preciso sempre pensar que temos que gastar o
que consumimos. Para comer, não é preciso receita, apenas bom-senso, porque
saudável é comer de tudo. Isso faz com que a pessoa se alimente de forma mais
tranquila. A proibição gera desejo e compulsão. Mais saciadas, as pessoas
passam a comer menos e somente quando têm vontade. Mas também precisamos manter
uma vida ativa para não criar os sobrepesos que nos trazem problemas de saúde.
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