domingo, 22 de outubro de 2017

Lugares marcados e reservados



Cuidado com pesquisas estrangeiras

Olá meu povo que passou dos 39! Espero que todos estejam se sentindo bem. Eu ainda estou curtindo uma indisposição que não é minha, mas vou me forçar a reagir e postar algum artigo para vocês!
Fui dar uma olhada nas notícias, e no meio de muitas tragédias (o mundo não está fácil), me deparo com um artigo, baseado em uma pesquisa inglesa feita em Oxford, que afirma algo do tipo: “Quando uma pessoa idosa entrar em ônibus ou metrôs
cheios, não ceda seu lugar para eles, pois isso pode prejudicar a saúde dessas pessoas enquanto envelhecem”.
Por um lado até compreendo que, na visão desses especialistas, devemos incentivar a atividade física das pessoas e que devemos mudar a visão de que pessoas mais velhas devem relaxar a descansar ao invés de realizar uma atividade física. Entretanto, vivendo em um país em que, pelo menos na minha geração, as pessoas começaram a trabalhar muito cedo, e cujos direitos de se aposentar após um período nada curto está correndo riscos, acho perigoso afirmar algo que pode servir a outros países (muito mais desenvolvidos que o Brasil), mas não no nosso.

Centenas de acidentes com idosos brasileiros se dá dentro de ônibus

Porque vejo perigo? Primeiramente porque no Brasil temos uma tendência a sermos muito, mas muito mal educados mesmo. É um país onde os bancos reservados a pessoas com alguma limitação de capacidade não são respeitados, onde as pessoas empurram umas às outras para entrar no transporte coletivo, e onde o transporte é precário e ineficiente, significando que não há hora do dia em que nossos coletivos não estejam acima da lotação.
Concordo com os professores de Oxford e os consultores de saúde pública da Inglaterra que ficar em pé, caminhar etc. são boas atividades para quem está envelhecendo se manter saudável e independente, mas discordo de quem traduz um estudo desses e quer encaixar isso na realidade brasileira a qualquer custo, porque sabemos (ou deveríamos saber) que nossa realidade é “muito, mas muito” diferente da deles.
Portanto, mesmo sabendo que a atividade física pode melhorar a habilidade cognitiva e reduzir o risco de demência, quero que o leitor (a), antes de tudo, pense: nossos idosos tiveram uma vida tranquila e sem tropeços? E depois, pensem: somos um povo com educação o suficiente para respeitar nossos idosos como eles merecem? Depois disso, e só então, ceda, ou não, o seu lugar no ônibus.

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