Cuidado com pesquisas estrangeiras
Olá meu povo que passou dos 39! Espero que todos estejam
se sentindo bem. Eu ainda estou curtindo uma indisposição que não é minha, mas
vou me forçar a reagir e postar algum artigo para vocês!
Fui dar uma olhada nas notícias, e no meio de muitas
tragédias (o mundo não está fácil), me deparo com um artigo, baseado em uma
pesquisa inglesa feita em Oxford, que afirma algo do tipo: “Quando uma pessoa
idosa entrar em ônibus ou metrôs
cheios, não ceda seu lugar para eles, pois
isso pode prejudicar a saúde dessas pessoas enquanto envelhecem”.
Por um lado até compreendo que, na visão desses
especialistas, devemos incentivar a atividade física das pessoas e que devemos
mudar a visão de que pessoas mais velhas devem relaxar a descansar ao invés de
realizar uma atividade física. Entretanto, vivendo em um país em que, pelo
menos na minha geração, as pessoas começaram a trabalhar muito cedo, e cujos
direitos de se aposentar após um período nada curto está correndo riscos, acho
perigoso afirmar algo que pode servir a outros países (muito mais desenvolvidos
que o Brasil), mas não no nosso.
Centenas de acidentes com idosos brasileiros se dá dentro de ônibus
Porque vejo perigo? Primeiramente porque no Brasil temos
uma tendência a sermos muito, mas muito mal educados mesmo. É um país onde os
bancos reservados a pessoas com alguma limitação de capacidade não são
respeitados, onde as pessoas empurram umas às outras para entrar no transporte
coletivo, e onde o transporte é precário e ineficiente, significando que não há
hora do dia em que nossos coletivos não estejam acima da lotação.
Concordo com os professores de Oxford e os consultores de
saúde pública da Inglaterra que ficar em pé, caminhar etc. são boas atividades
para quem está envelhecendo se manter saudável e independente, mas discordo de
quem traduz um estudo desses e quer encaixar isso na realidade brasileira a
qualquer custo, porque sabemos (ou deveríamos saber) que nossa realidade é “muito,
mas muito” diferente da deles.
Portanto, mesmo sabendo que a atividade física pode
melhorar a habilidade cognitiva e reduzir o risco de demência, quero que o
leitor (a), antes de tudo, pense: nossos idosos tiveram uma vida tranquila e
sem tropeços? E depois, pensem: somos um povo com educação o suficiente para
respeitar nossos idosos como eles merecem? Depois disso, e só então, ceda, ou
não, o seu lugar no ônibus.
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